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Cientistas desvendam fenômeno do quadro “Moça com Brinco de Pérola”

Os cientistas utilizaram tecnologias de monitoramento ocular e ressonância magnética para entender como a "Moça com Brinco de Pérola" consegue cativar as pessoas. 

Estudo holandês desvenda fascínio pela pintura "Moça com Brinco de Pérola"

Em um estudo neurológico, cientistas conseguiram descobrir porque a pintura “Moça com Brinco de Pérola” — obra-prima de Johannes Vermeer — fascina o público há séculos.

Publicado no início deste mês, o estudo foi realizado pelo Museu Mauritshuis, em Haia, na Holanda, em parceria com a empresa Neurensics.

Os cientistas utilizaram tecnologias de monitoramento ocular e ressonância magnética para entender como o quadro consegue cativar as pessoas. Os neurocientistas descobriram um fenômeno único que chamaram de “Loop de Atenção Sustentado”, que, segundo o estudo, é único da pintura.

De acordo com os cientistas, o fenômeno atrai o olhar do observador para os olhos da moça, em seguida para boca, depois para a pérola, finalmente retornando aos olhos.

O conceito de “Loop de Atenção Sustentado” nas áreas da pintura formam um triângulo que representa o ciclo contínuo. Imagem: Mauritshuis/Divulgação

Assim, cria-se um ciclo contínuo de fascínio que prende a atenção do observador por mais tempo do que em outras obras de arte.

Entenda como a “Moça com Brinco de Pérola” cativa quem a observa

Martin de Munnik, co-fundador da Neurensics, foi responsável por conduzir o estudo, que teve duas fases. Na primeira fase, dez voluntários percorreram o museu Mauritshuis com headsets eletroencefalográficos (EEG) e dispositivos que monitoram o movimento ocular.

Os participantes seguiram uma rota específica do museu que passava pela “Moça com Brinco de Pérola” e mais quatro pinturas. Em seguida, os cientistas mostraram três reproduções das pinturas do catálogo do museu, incluindo a “Moça com Brinco de Pérola”.

Participante do estudo usando os equipamentos de EEG e monitoramento ocular enquanto observa a “Moça com Brinco de Pérola”. Imagem: Museu Mauritshuis/Divulgação

O processo foi feito de modo contrário com 10 outros participantes, que visualizaram, primeiramente, as reproduções.

Na segunda fase do estudo, cada participante passou por uma ressonância magnética funcional. Durante as ressonâncias, os cientistas mostraram, novamente, reproduções das cinco pinturas do museu aos 20 participantes.

As análises das ondas cerebrais revelaram que o pré-cúneo, área do cérebro responsável pela consciência e identidade pessoal, apresentou um estímulo durante a observação da pintura.

Além disso, os cientistas relataram que a reação emocional à pintura original é dez vezes mais forte se comparada às reproduções da “Moça com Brinco de Pérola”. Veja:

Impacto da arte

Martin de Munnik explica que os resultados “mostraram um efeito surpreendente” da pintura “Moça com Brinco de Pérola”, sendo uma experiência única para os cientistas da empresa.

A descoberta do “Loop de Atenção Sustentado”, segundo de Munnik, obriga o observador a prestar atenção à pintura, gerando uma conexão inevitável com a obra.

Além disso, de Munnik ressalta que a percepção de beleza e a familiaridade com a obra aumentam conforme o tempo de observação. O estudo revela, portanto, que ninguém consegue tirar os olhos da pintura.

Erik Scherder, professor de neuropsicologia na Universidade de Amsterdã, explica o efeito da pintura.

“Observar arte estimula seu cérebro em vários níveis. A observação evoca animação, ativa a imaginação e te faz pensar sobre aquilo que observar. É a maior forma de enriquecimento quando se trata de ativar o seu cérebro ao máximo potencial”.

Em um vídeo promocional, com a participação de atores e dos cientistas do estudo, o museu usa a canção “Can’t Take My Eyes of You”, de Frank Valli, para enfatizar o efeito da “Moça com Brinco de Pérola”. Assista:

 

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