Ciência

Como os gatos ronronam? A ciência te explica

Segundo cientistas, gatos possuem "almofadas" em suas cordas vocais, que permitem o ronronar em baixas frequências
Imagem: Manja Vitolic/ Unsplash/ Reprodução

Um gato geralmente ronrona apenas quando se sente seguro, confortável e satisfeito. Por isso, este som é um dos que os gateiros mais gostam de ouvir. Mas como eles geram esse ronronar? 

Esta pergunta tem deixado cientistas curiosos por muito tempo. E um novo estudo publicado na revista Current Biology pode finalmente ter a resposta.

Para entender o contexto

O ronronar dos gatos sempre deixou cientistas curiosos, mas até agora nenhum experimento científico havia buscado respostas de maneira tão assertiva. 

Em geral, era um mistério para pesquisadores como animais tão pequenos conseguem gerar vocalizações de baixa frequência. Os gatos domésticos pesam cerca de 4,5 quilos, mas emitem o ronronar que tem frequência entre 20 e 30 hertz (Hz).

Apenas animais muito grandes, que têm cordas vocais muito mais longas, como os elefantes, conseguem sons desta maneira. 

Além disso, a maioria dos sons dos felinos é produzida da mesma maneira. A vocalização começa com um sinal do cérebro, que faz com que as cordas vocais se pressionem. 

Então, o fluxo de ar pela laringe faz com que elas batam umas nas outras centenas de vezes por segundo, produzindo som. 

Uma vez que as cordas vocais começam a vibrar, não é necessário mais estímulo do cérebro para mantê-las em funcionamento. É assim que os gatos miam, por exemplo.

Contudo, o ronronar dos gatos é diferente. E agora os cientistas encontraram o porquê.

A nova pesquisa

Para dissolver o mistério, pesquisadores removeram as laringes de oito gatos domésticos – todos eles já haviam sido sacrificados por doenças terminais. 

Isolar a laringe dessa forma garantiu que qualquer som produzido estava ocorrendo sem contrações musculares ou qualquer estímulo cerebral.

Então, eles fizeram alguns experimentos com as cordas vocais dos animais. Apertaram todas juntas e bombearam ar morno e úmido por elas. 

Sem nenhum controle do cérebro, todas as oito laringes produziram oscilações auto-sustentadas em frequências entre 25 e 30 Hz. Isso confirmou que o ronronar não necessariamente requer contrações musculares ativas.

Os amortecedores

Para compreender como isso acontece, eles examinaram a anatomia das cordas vocais de gatos mais de perto. Em geral, os cientistas descobriram que existe uma massa de tecido fibroso nesta região.

Dessa forma, eles acreditam que essas “almofadas” aumentem a densidade das cordas vocais, fazendo com que elas vibrem mais lentamente e permitindo que os gatos produzam sons de baixa frequência

Agora, a ideia é que o ronronar funciona como os miados: é um fenômeno passivo que se desenrola automaticamente após o cérebro dos gatos fornecer o sinal inicial.

No entanto, não há garantia de que as cordas vocais de gatos vivos se comportem da mesma forma que as cordas cirurgicamente removidas do estudo. Por isso, serão necessários mais estudos.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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