COP27: mundo tem 10 anos para reverter caminho até “inferno climático”

Alerta é do secretário-geral da ONU, António Guterres, na COP27, a principal conferência climática do mundo; veja o que está em debate
COP27: mundo tem 10 anos para reverter caminho até “inferno climático”
Imagem: Jason DeCrow/United Nations Foundation

A humanidade tem apenas dez anos para se desviar de uma “estrada para o inferno climático”, alertou António Guterres, secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), em discurso na COP27, na última segunda-feira (7). 

“Nosso planeta está se aproximando rapidamente de pontos de inflexão que tornarão o caos climático irreversível”, disse aos líderes mundiais na abertura da principal conferência climática do mundo, que acontece no Egito. “Estamos em uma estrada para o inferno climático com o pé no acelerador”. 

As afirmações de Guterres parecem fortes, mas estão longe de serem sensacionalistas. Pouco mudou desde a COP26 no cronograma de ações dos países mais ricos. Um avanço notável, porém, é que a pauta climática entrou oficialmente na agenda dos tomadores de decisão – mas ainda há muito a ser feito. 

Segundo Guterres, o mundo enfrentará uma escolha difícil nos próximos dias de negociações: ou os países trabalharão juntos para fazer um “pacto histórico” e reduzir as emissões de gases de efeito estufa, ou logo estaremos diante de um “colapso climático”. 

“Podemos assinar um pacto de solidariedade climática ou um pacto de suicídio coletivo”, afirmou o secretário-geral da ONU. O mundo, disse ele, tem as ferramentas necessárias para reduzir as emissões e apostar em energia limpa e tecnologias de baixo carbono. 

“Uma janela de oportunidade permanece aberta, mas apenas um estreito raio de luz permanece. A luta climática global será vencida ou perdida nesta década crucial. Uma coisa é certa: quem desistir vai perder”, pontuou Guterres. 

Começo lento 

A COP27 começou devagar no último domingo (6). Negociadores ficaram mais de 40 horas discutindo os temas para a agenda. Ao final, decidiram incluir a polêmica de perdas e danos

Trata-se da criação de um mecanismo financeiro pautado pelos países ricos para ajudar as nações mais pobres a lidar com as perdas e danos causados pelas mudanças climáticas. Na prática, são fundos para recuperação após desastres naturais, como furacões, inundações e secas. 

O tema é polêmico porque responsabiliza os países desenvolvidos – ou seja, industrializados – pelos danos causados pelas mudanças climáticas em todo o mundo.

Enquanto esses países se beneficiam economicamente das emissões de dióxido de carbono, os países pobres têm dificuldade para se recuperar de desastres que aprofundam a fome e pobreza, por exemplo.  

É improvável que as negociações da COP27 cheguem a um acordo final sobre o assunto. Há outras atenuantes: os países se reúnem durante a guerra na Ucrânia, que mudou a perspectiva global sobre o uso de combustíveis russos; uma crise mundial de energia e aumento do custo de vida na era pós-pandemia e em meio a crescentes tensões globais

Ainda assim, a inclusão do tema na pauta já é um grande progresso. A partir desta quarta-feira (9), líderes mundiais entregarão o restante das negociações às autoridades e ministros da conferência. 

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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