Estudo com 450 pacientes aponta eficácia de creme que cura vitiligo

Testes sugerem que até um terço dos pacientes com vitiligo pode alcançar a cura após 6 meses de tratamento, que só deve chegar ao Brasil em 2024
Estudo com 450 pacientes aponta eficácia de creme que cura vitiligo
Imagem: Hanen Boubahri/Unsplash/Reprodução

Um estudo da Universidade Tufts, nos EUA, publicado na revista New England Journal of Medicine na última semana aponta que o medicamento em creme Ruxolitinib é eficaz e pode ser a cura para pacientes com vitiligo. 

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O remédio, que já foi aprovado pela FDA (a Anvisa dos EUA), funciona em até um terço dos pacientes com uso contínuo por pelo menos seis meses. 

Vitiligo é uma doença autoimune – ou seja, o sistema imunológico deixa de reconhecer as células que fornecem pigmento e, assim, leva à perda de melanina da pele. A condição não é contagiosa e atinge até 2% da população global, e ficou mais conhecida por ter afetado Michael Jackson

O Ruxolitinib ganhou destaque porque reflete uma nova compreensão sobre a doença. O creme funciona ao reprimir uma resposta imune hiperativa e, assim, possibilita a repigmentação da pele. 

Por enquanto, sabe-se que o remédio funciona melhor na cabeça e pescoço. Outras áreas, como mãos e pés, são mais difíceis de repigmentar, disseram os pesquisadores. 

Mas, como é uma pomada, o medicamento não afeta todo o corpo, o que reduz em muito os efeitos colaterais. Até agora, o efeito colateral mais comum foi o surgimento de acne nos locais onde os pacientes usam o creme. 

Ainda não está claro se a perda da cor volta depois que os usuários interrompem o uso do medicamento. Uma certeza, porém, é que a pomada não funciona em pessoas com poliose – um tipo de vitiligo em que há perda total da pigmentação levando a cabelos brancos

Resposta efetiva 

O estudo mostrou que quase 30% das 450 pessoas em tratamento ativo com Ruxolitinib tiveram uma “melhora dramática” na pigmentação facial depois de usar o remédio por seis meses. 

Metade do grupo fez até um ano de tratamento, o que indica que o creme se torna mais potente ao longo do tempo. Mas há um porém: na pesquisa, mais de 80% das pessoas eram brancas e apenas 3% a 5% eram negras e asiáticas. 

Isso demonstra que, na pele branca, os resultados podem ser mais efetivos, provavelmente pela presença inferior de melanina, diz o estudo. 

Ainda assim, é algo para se celebrar, disse o autor principal do estudo, David Rosmarin. “O creme de Ruxolitinib estabelece um caminho para que outros tratamentos avancem”, afirmou. “Isso é só o começo”. 

O uso da medicação não está disponível no Brasil. A Sociedade Brasileira de Dermatologia de São Paulo apontou, em julho, que o Ruxolitinib só deve chegar ao país a partir de 2024.

Nos EUA, um tubo de creme custa US$ 2 mil – mais de R$ 10,7 mil no câmbio atual. A tendência, porém, é de redução do preço ao longo dos anos. 

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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