Ciência

Fósseis de serpente-do-mar foram preservados de forma rara no Brasil; entenda

Segundo cientistas da UFPR, o processo geológico de carbonificação foi responsável pela conservação de fósseis de serpentes-do-mar no Brasil
Imagem: Malton Fraga/Labpaleo-UFPR

Segundo cientistas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o processo geológico de carbonificação foi responsável pela boa conservação de fósseis de serpentes-do-mar, parentes das estrelas-do-mar, coletados pela universidade em 2020 em Ponta Grossa (PR).

Eles foram encontrados em rochas do Período Devoniano (há aproximadamente 400 milhões de anos). A conservação é considerada rara pois as serpentes marinhas, ou ofiuroides, são animais frágeis, que exigem “condições excepcionais de fossilização”.

A descoberta é inédita na América do Sul, onde o Paraná é a maior fonte de fósseis de ofiuroides, sobretudo em Ponta Grossa e Jaguariaíva, com centenas de amostras no último século.

Os fósseis são os primeiros coletados a registrarem restos de vísceras carbonificadas, revelando detalhes sobre a anatomia das espécies extintas Encrinaster pontis e Marginix notatus.

Além disso, a preservação por carbonificação não havia sido registrada até agora em nenhum fóssil de equinodermo. Isso porque partes moles do corpo, como as vísceras, por exemplo, costumam se decompor rápido demais para fossilizar. Portanto, apenas alguns lugares do mundo, com ambientes com condições exóticas, registram fósseis com traços de partes moles.

Como funciona a carbonificação e o que foi descoberto

A carbonificação ocorre após as primeiras semanas do soterramento de um organismo por sedimentos expelidos pelos rios. Estes sedimentos são os prováveis responsáveis por suas mortes. Quando as partes orgânicas do corpo, vegetal ou animal, são comprimidas pelo peso, mas antes de as partes moles se decomporem pelas bactérias.

De acordo com o pesquisador responsável pela descoberta, Malton Carvalho Fraga, os fósseis descobertos no Brasil também ajudaram a reconstruir ambientes e processos que os animais vivenciaram.

“Além da ótima qualidade de preservação, alguns desses ofiuroides também registram evidências de predação, algo muito raro, mas que nos dá a oportunidade de entender mais sobre os predadores desses animais ao longo da história do planeta”, acrescentou Malton.

Foi feita uma análise com tomografia computadorizada e microscopia eletrônica de varredura — alta tecnologia dificilmente usada por seu alto custo. Ela indicou que os ofiuroides prosperaram em diferentes fundos marinhos, como o mar polar que cobriu o Paraná e outros estados do Brasil durante o Devoniano.

A descoberta foi publicada na revista científica Journal of South American Earth Sciences e no Ciência UFPR. Os resultados renderam um prêmio da Paleontological Society dos Estados Unidos e um prêmio de melhor apresentação no evento mundial 4th Palaeontological Virtual Congress.

Isabela Oliveira

Isabela Oliveira

Jornalista formada pela Unesp. Com passagem pelo site de turismo Mundo Viajar, já escreveu sobre cultura, celebridades, meio ambiente e de tudo um pouco. É entusiasta de moda, música e temas relacionados à mulher.

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