Já faz um tempo que estamos vendo algumas iniciativas para criar produtos que imitam a carne animal, mas que são feitos de vegetais. Nos EUA, Impossible Foods e Beyond Meat já estão em grandes redes, como Burger King e KFC. No Brasil, também há opções do próprio Burger King (feito pela Marfrig), Bob’s, Seara e Fazenda Futuro, start-up de foodtech que faz o Futuro Burger.
O Futuro Burger ganhou uma versão 2.0. Ela substituirá a primeira versão, que a minha colega Erika, aqui do Gizmodo Brasil, experimentou há alguns meses.
Menos gordura, menos sódio, mais fibras
O que a versão 2.0 tem de diferente? A Fazenda Futuro diz que é mais saudável, pois tem 11% menos calorias, 23% menos carboidratos, 13% menos gorduras, 6% menos sódio e 32% mais fibras. A empresa diz também que fez um hambúrguer mais saboroso, por ser mais “carnudo” (nas palavras dela), mais suculento, com mais sabor de bife e menos gosto de defumado.
A parte de ser mais saudável é bem-vinda, mas, como dissemos recentemente, esse não é o objetivo desses hambúrgueres vegetais. A aposta dessas empresas é que as pessoas vão querer comer menos carne por consciência ambiental, já que a pecuária agride bastante o meio ambiente. Daí a ideia de fazer um hambúrguer parecido com o de carne (que também não é saudável) para quem não quer uma mudança radical, mas procura um produto mais ecologicamente correto. Além disso, existe uma crença de que em algum momento a carne animal pode ficar mais cara, aí essas empresas estarão preparadas para fornecer alimentos substitutos de origem vegetal.
Mais saboroso
A Fazenda Futuro fez na segunda-feira (23), em São Paulo, um evento para lançar seu Futuro Burger 2.0. Eu estive lá para experimentar o novo hambúrguer vegetal.
Não sou vegetariano, mas também não sou tão fã de carne assim. Como carne nos lugares quando não tem muita opção, mas acabo fazendo pratos vegetarianos quando dá vontade — em restaurantes árabes ou naquele famoso fast-food de massas que tem em todo shopping, por exemplo.
Nos meus tempos de faculdade, também comia com alguma regularidade a proteína vegetal texturizada de soja nos restaurantes universitários. Também já experimentei alguns hambúrgueres vegetarianos mais antigos, que usavam grãos e beterraba, e outros mais recentes, como o do Bob’s, que tenta imitar carne. Não virei fã em nenhum dos dois casos, mas gostei do que provei.
Eu experimentei o hambúrguer em dois sanduíches diferentes. Garanto que foi tudo pelo dever jornalístico, nada a ver com gula. Dito tudo isso, devo dizer que o tal do Futuro Burger 2.0 é bom.
Um dos sanduíches tinha cebola caramelizada, molho barbecue e cheddar; o outro, alface, tomate, maionese, cebola e queijo prato. Nos dois casos, gostei do resultado final.
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Ainda não é igual a um hambúrguer de carne
O Futuro Burger 2.0, porém, não é uma reprodução exata do hambúrguer animal.
Ele ainda tem uma diferença considerável de textura — é menos consistente, e basta pegar um pedacinho com os dedos para ver como ele desmancha bem mais fácil do que uma carne.
Ele é úmido, mas não exatamente suculento, parece que falta gordura ali. Não provei a versão 1.0 para poder comparar, mas ainda achei que há gosto de defumação.
Uma reclamação que constava no painel do feedback, que a Fazenda Futuro disponibilizou para seus convidados sugerirem melhorias para a futura versão 3.0, também reclamava do gosto salgado demais. Na hora, eu não senti, mas concordo com quem falou que o céu da boca fica “picando” por um tempo depois, como se você tivesse comido salgadinho com sabor artificial.
Por outro lado, senti que ele “pesa” menos que um hambúrguer de carne. Não fica aquela sensação de estar com o estômago engordurado, aquele enjoo. Mesmo assim, sustenta bem e dá para ficar saciado.
Meu veredito é aquilo que eu disse lá em cima: em um sanduíche com outros ingredientes, ele fica bom, e não é uma diferença tão gritante assim para um hambúrguer. Para perceber tudo isso, só separando o hambúrguer dos outros recheios.
A Fazenda Futuro diz que a primeira versão foi um sucesso, com 2 milhões de discos vendidos (insira aqui sua piada com música e indústria fonográfica) e 23% de market share de todos os hambúrgueres em um dos pontos de venda. É um feito e tanto, até porque não se trata de um produto barato — a caixa com dois discos custa entre R$ 15 e R$ 20.
O Futuro Burger 2.0 começa nesta terça (24) a ser distribuído para 4 mil pontos de venda, como mercados e restaurantes.