Greve em Hollywood se arrasta: prepare-se para uma enxurrada de reprises
A greve dos roteiristas de Hollywood começou em maio deste ano e, com a junção dos atores à paralisação, em julho, até séries e filmes que já tinham roteiro pronto, como “Deadpool 3”, tiveram que suspender as filmagens.
A última greve de atores, em 1980, durou 10 semanas. Mas, desta vez, de acordo com o ator Brian Cox, de “Succession”, ela pode seguir “até o final do ano”, afetando as estreias até 2024. Além disso, esta é a primeira greve do WGA (Writers Guild of America) desde 2007. Na época, durou apenas 100 dias — ou seja, a atual já ultrapassou a marca.
A paralisação dos escritores não pegou os executivos de surpresa: no primeiro semestre deste ano, os pedidos de novas séries de empresas como Warner Bros. Discovery, Netflix, Paramount e Disney caíram entre 20% e 56% em relação ao ano anterior, segundo a Ampere. E um dos motivos era a possibilidade de greve.
Na prática, a paralisação conjunta significa menos novidades e uma abundância de reality shows – que prosperaram em 2007 –, documentários, game shows e reprises de séries e filmes norte-americanos na televisão. Segundo o The New York Times, a emissora dos Estados Unidos CBS, por exemplo, vai trazer episódios antigos de “Yellowstone” para o horário nobre, além de importar a versão britânica da sitcom “Ghosts”.
Assim como o Reino Unido, o Brasil não aderiu à greve, mas ambos demonstraram apoio. O Sindcine (Sindicato dos Técnicos do Cinema e Audiovisual), Sated (Sindicato dos Artistas e Técnicos de Espetáculos e Diversões do Estado de São Paulo) e outros já se reuniram para discutir o futuro das relações entre o setor e os streamings no contexto nacional.
Vale destacar que o Brasil é a segunda nação que mais consome serviços das plataformas. A informação é do relatório Streaming Global do Finder, de 2021.
Mas o que a greve significa para a TV e o streaming?
Enquanto a programação de reprises e reality shows já se tornou uma realidade para a televisão nos EUA, os serviços de streaming podem manter as novidades por mais algum tempo. Isso porque algumas produções podem levar mais de um ano para serem concluídas, o que significa que novos programas ainda não foram ao ar.
A temporada final de “The Crown”, da Netflix, deve chegar ainda este ano. Este mês, “Heartstopper”, outra série popular da plataforma, ganhou sua segunda temporada. No caso da HBO, a última temporada de “A Casa do Dragão” continuou suas filmagens no Reino Unido. Ela tem previsão de estreia para o ano que vem.
Entretanto, novas temporadas de outras séries populares, como “Stranger Things” e “Emily in Paris”, por exemplo, terão atraso. Além disso, talk shows como o de Jimmy Fallon e “Saturday Night Live” também sofrerão com os efeitos da mudança. Isso ocorre devido à necessidade de permanecerem atualizados, o que impede que os roteiros sejam planejados com antecedência, como destacou a Vulture.