Huawei diz que sanção dos EUA não irá prejudicar seus principais negócios
A Huawei está muito confiante em seus negócios e não abaixou a cabeça em nenhum momento durante a disputa com os Estados Unidos. Desta vez, o fundador da companhia, Ren Zhengfei, disse que a sanção imposta pelo presidente americano Donald Trump não fará tão mal à companhia e salientou que seus principais negócios permanecerão intactos.
Ele aproveitou para elogiar as empresas americanas, dizendo-se grato pela contribuição ao desenvolvimento da Huawei e pela consciência sobre o assunto. “Até onde sei, as empresas americanas estão fazendo esforços para persuadir o governo dos EUA para que permitam a cooperação com a Huawei”, comentou durante uma entrevista, segundo o Global Times.
O Departamento de Comércio dos EUA disse na segunda-feira (20) que garantirá uma licença de 90 dias – até 19 de agosto – para a Huawei. Isso vai garantir que empresas de telecomunicações façam outros acordos e garantam a operação das redes de banda larga rurais que utilizam a infraestrutura da companhia chinesa.
Na última quarta-feira (15), Donald Trump assinou uma ordem executiva que dá ao governo a prerrogativa de proibir que empresas comprem equipamentos de comunicações de empresas consideradas um risco à segurança nacional. Isso significa que companhias americanas precisam da aprovação dos EUA para fazerem negócios com determinadas parceiras.
A ordem não mencionava a Huawei, mas desde então empresas anunciaram que irão suspender negócios com os chineses – entre elas, Google, Intel, Qualcomm, Broadcom e Western Digital.
Esse impasse vinha sendo ensaiado há muito tempo – o governo americano tem dito para aliados que a Huawei representa um risco à segurança dos países. A empresa chinesa, por sua vez, nega essas acusações.
Ren Zhengfei, fundador da Huawei. Créditos: Vincent Yu/AP
Em fevereiro, Zhengfei disse que os “EUA não conseguem nos destruir”. Na ocasião, ele disse que os países não poderiam deixá-los de lado pelo fato de estarem muito avançados em tecnologias como o 5G. “Se a luz se apagar no Ocidente, no Oriente ela continuará a brilhar. E se as coisas de apagarem no Norte, ainda temos o Sul. Os Estados Unidos não representam o mundo. Eles representam apenas uma parte”, disse.
Na entrevista concedida nesta segunda-feira na sede da empresa em Shenzhen, Zhengfei adotou uma postura um pouco mais cautelosa e afirmou que a empresa “sempre precisa de chipsets desenvolvidos nos EUA” e que eles não podem excluir os produtos americanos “com uma mente fechada”.
Em uma outra ocasião, o presidente rotativo da empresa, Guo Ping, chegou a dizer que os EUA têm “atitude de perdedor” por não conseguirem competir com a Huawei. A companhia chegou a processar o governo dos EUA por proibir o uso seus produtos.
A Huawei vinha tendo bons resultados no mercado de celulares e já figurava como segunda maior fabricante de smartphones do mundo, colada na líder Samsung. As imposições americanas devem impactar na presença global da companhia – metade de suas vendas acontece fora da China. Além disso, a empresa tem um braço de tecnologia de telecomunicações muito forte no mundo todo.