Huawei diz que EUA têm “atitude de perdedor” porque não conseguem competir com ela

A Huawei informou que teve mais de US$ 100 bilhões em vendas anuais pela primeira vez em 2018. E o presidente rotativo da empresa, Guo Ping, deu uma “volta olímpica” na frente dos repórteres hoje, com algumas palavras particularmente duras sobre o governo americano. “O governo dos EUA tem uma atitude de perdedor. Eles querem […]

A Huawei informou que teve mais de US$ 100 bilhões em vendas anuais pela primeira vez em 2018. E o presidente rotativo da empresa, Guo Ping, deu uma “volta olímpica” na frente dos repórteres hoje, com algumas palavras particularmente duras sobre o governo americano.

“O governo dos EUA tem uma atitude de perdedor. Eles querem difamar a Huawei porque não podem competir conosco”, disse Guo segundo o Financial Times. “Os EUA abandonaram todas as regras de etiqueta.”

A Huawei viu seu lucro líquido crescer 25% em 2018 em relação ao ano anterior. A empresa é a maior vendedora de equipamentos de telecomunicações do mundo.

Guo insistiu que a Huawei não tem backdoors tecnológicos, apesar das dúvidas levantadas por países como os Estados Unidos e a Austrália. Ambos proibiram a Huawei de concorrer a contratos de infraestrutura 5G devido a preocupações com segurança nacional.

A Huawei tem laços estreitos com o governo chinês, mas Guo diz que seria “suicídio” para os negócios da gigante de tecnologia comprometer sua segurança em nome do país. Guo disse aos repórteres que a Huawei “não tem intenção de cometer suicídio”.

“Temos mais de 90 mil funcionários que também são acionistas”, disse Guo a Tom Mackenzie, da Bloomberg, em uma entrevista publicada no YouTube hoje cedo. “Quaisquer ações ruins feitas por nós prejudicariam os acionistas e iriam contra os interesses da gerência.”

“A Huawei nunca faria isso”, continuou Guo. “Nós nunca iríamos contra nossos princípios básicos de negócios.”

O Departamento de Justiça dos EUA anunciou em janeiro que o governo americano está processando a Huawei por fraude, obstrução de justiça e roubo de segredos comerciais. A Huawei rebateu com seu próprio processo no início deste mês sobre a proibição que impede que produtos Huawei sejam usados por funcionários do governo federal dos EUA.

As tensões estão crescendo desde dezembro de 2018, quando autoridades canadenses prenderam a diretor financeira da Huawei, Meng Wanzhou, que também é filha do bilionário fundador da empresa, Ren Zhengfei. Meng foi presa a pedido de autoridades americanas e enfrenta a possibilidade de extradição para os EUA por violar sanções contra o Irã. A China acusou dois cidadãos canadenses de espionagem, Michael Kovrig e Michael Spavo, após a prisão de Meng.

As prisões ajudaram a aumentar a tensão entre nações alinhadas com a rede de espionagem Five Eyes (como os EUA, Reino Unido e Canadá) e, do outro lado, a China, a Rússia e a Coreia do Norte. Os EUA até ameaçaram outros aliados, como a Alemanha, dizendo que, se usarem a tecnologia da Huawei, os EUA deixarão de compartilhar informações sensíveis de seus serviços de inteligência com o país.

A Huawei, que vendeu mais de 200 milhões de telefones em todo o mundo em 2018, está a caminho de se tornar a maior vendedora de smartphones do mundo até 2020, possivelmente superando a Samsung. A empresa chinesa aposta em um forte crescimento em regiões como Europa, Oriente Médio e África.

Ao contrário dos países da Five Eyes, muitos países da África não se preocuparam com as questões geopolíticas envolvendo a disputa entre EUA e China. Eles vêm comprando smartphones da Huawei, que são consideravelmente mais baratos que o iPhone da Apple. O governo chinês também está investindo pesado em infraestrutura no continente por meio de sua ambiciosa Iniciativa do Cinturão e Rota.

Guo causou um rebuliço no Mobile World Congress 2019, que ocorreu na Espanha em fevereiro. No evento, ele confrontou críticas contra sua empresa na tática mais agressiva empregada até hoje.

“Prisma, prisma na parede, quem é o mais confiável de todos?”, disse Guo. Ao fundo, um logotipo do programa PRISM da NSA era exibido. “É uma questão importante. E se você não entende isso, pode perguntar a Edward Snowden.”

O delator da NSA, Edward Snowden, revelou o programa PRISM da NSA em junho de 2013, que era apenas uma das muitas ferramentas usadas para obter informações de todo o mundo.

“A ironia é que a lei americana US CLOUD Act permite que suas entidades governamentais acessem dados através das fronteiras”, disse Guo, apontando que as empresas de tecnologia americanas estão alinhadas com os interesses de segurança nacional de seu próprio governo tanto quanto quaisquer outras no mundo.

Guo tornou o discurso ainda mais explícito em um editorial para o Financial Times, explicando que, “quanto mais equipamentos da Huawei estiverem instalados nas redes de telecomunicações do mundo, mais difícil será para a NSA coletar tudo”.

Acho que a questão é escolher dos males o menor. Nenhuma empresa de tecnologia está garantindo que está livre de espiões. A única escolha real é por qual lado você quer ser espionado.

[Financial TimesCNBC]

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