Lagos azuis espetaculares estão invadindo a Antártida, e isso não é um bom sinal

O aquecimento global está ligado ao surgimento de lagos na Antártida e eles podem dar indícios de um futuro preocupante.

Alguma coisa estranha está acontecendo em um dos lugares mais gelados do planeta Terra. Lagos azuis deslumbrantes estão surgindo como flores silvestres de verão no topo da camada de gelo Langhovde na Antártida. E isso está preocupando cientistas – eles jamais viram esses lagos anteriormente.

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“Lagos supraglaciais” – lagoas de água derretida que se formam conforme o ar quente de verão aquece a superfície de uma camada de gelo – vem se espalhando pela Groenlândia há anos. Eles são tanto sinais do aquecimento global como a causa do colapso das camadas de gelo: conforme a água derretida dos lagos é drenada para um gelo subjacente, a fundação da camada de gelo é lubrificada, o que enfraquece e faz ela ceder. Isso é uma das coisas que faz com que a Groenlândia esteja derretendo em uma taxa acelerada – foram trilhões de toneladas derretidas entre 2011 e 2014.

Agora esses lagos começaram a aparecer na outra extremidade do planeta, ameaçando uma camada de gelo que enfrentou uma relativa estabilidade em comparação com a vizinha aquecida do norte. Um novo estudo publicado na Geophysical Research Letters usou dados meteorológicos e de satélite para construir o primeiro registro de longo prazo das lagoas de água derretida ao redor da Antártida Oriental. De acordo com a análise dos autores, quase 8.000 lagos azuis apareceram na geleira Langhovde durante os verões entre 2000 e 2013.

Como na Groenlândia, muitos desses lagos efêmeros parecem estar vazando esse conteúdo para o gelo subjacente. É a primeira vez que esse comportamento foi observado na Antártida Oriental, um lugar que o coautor do estudo Stewart Jamieson descreve como “a parte do continente na qual as pessoas há muito tempo dizem que está relativamente estável, não há mudanças grandes, está muito, muito frio.”

A presença dos lagos está, não surpreendentemente, ligada diretamente à temperatura, com o maior número de lagos sendo formados no verão quente de 2012-13.

É um pouco cedo para dizer se esses verões quentes na Antártida Oriental vão significar algum tipo de problema a longo prazo. “Não achamos que os lagos na geleira Langhovde estão atualmente afetando a geleira, mas é importante monitorá-los no futuro para ver como eles evoluem com as mudanças na temperatura do ar da superfície,” disse uma das autoras do estudo, Emily Langley, ao Gizmodo.

A perspectiva do surgimento da lagos novos e maiores é preocupante, considerando que a Antártida tem muito mais gelo do que a Groenlândia, o suficiente para aumentar os níveis globais do mar em algumas centenas de metros se tudo derreter. Estudos recentes sugerem que parte dessa fortaleza de gelo – particularmente a camada de gelo da Antártida Ocidental – podem ser mais sensíveis a alguns graus de aquecimento do que se acreditava.

[Geophysical Research Letters via Washington Post]

Foto de topo: Lagos na geleira Langhovde. Imagem de satélite via DigitalGlobe, Inc.

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