Nave da Boeing: relembre outros astronautas que ficaram presos no espaço
No último sábado (24), a NASA anunciou que a nave Starliner, da Boeing, voltará a Terra sem sua tripulação. Dessa forma, os astronautas norte-americanos Sunni Williams e Butch Wilmore vão ficar presos no espaço até (pelo menos) fevereiro de 2025.
Como plano B, os astronautas voltarão à Terra a bordo de uma nave Crew Dragon, da SpaceX, com mais dois membros da tripulação da missão Crew-9 — prevista para ser lançada nas próximas semanas. A Starliner, por sua vez, deve partir antes (no início de setembro), de acordo com a NASA.
Com isso, não só a Boeing fica em maus lençóis, mas a NASA também, já que a agência sempre quis ter mais opções de parceiros comerciais para viagens à ISS (Estação Espacial Internacional). A missão da nave da Boeing poderia reduzir a dependência em relação à SpaceX, mas se encerra com a NASA recorrendo à empresa de Elon Musk para transportar os astronautas presos.
O desfecho só é bom para a SpaceX.
De acordo com Ken Bowersox, Diretor de Operações de Missões Espaciais da NASA, todos os oficiais da agência votaram na SpaceX. Já a Boeing, mesmo com as falhas na espaçonave, foi a única a votar na opção de retorno pela Starliner, afirmando que a nave era segura.
Aliás, tanto a NASA quanto a Boeing evitam usar o termo “presos” para os astronautas, que terão que ficar mais tempo na ISS até voltar em uma nave da SpaceX.
Outros astronautas que ficaram presos no espaço
De acordo com a NASA, o plano B se pautou no contexto de desastres anteriores, como, por exemplo, as explosões dos ônibus espaciais Challenger e Columbia, que mataram ao todo 14 astronautas.
Ao longo da história exploração espacial, outros astronautas tiveram suas missões estendidas, ficando no espaço por mais tempo do que o planejado.
“Decisões como esta nunca são fáceis de tomar”, afirmou Bowersox ao revelar que os astronautas presos voltariam a bordo de uma nave da SpaceX e não da Boeing. Bowersox, possivelmente, relembrou sua própria experiência como astronauta.
Em sua última viagem ao espaço, Bowersox e seus companheiros de tripulação também ficaram “presos” no espaço por dois meses a mais do que o previsto.
Composta pelos astronautas norte-americanos Bowersox e Don Pettit, bem como o cosmonauta russo Nikolai Budarin, a chamada Expedition 6, a bordo do ônibus espacial Endeavour, chegou à ISS em novembro de 2002, com retorno previsto para março de 2003.
No entanto, nesse meio tempo, ocorreu a explosão do Columbia no retorno à Terra, no dia 1º de fevereiro de 2003. Com isso, a NASA adiou o retorno de Bowersox e os outros dois tripulantes (voltando apenas em maio daquele ano), para investigar as causas do acidente com o Columbia.
Porém, esta não foi a única vez que astronautas ficaram presos no espaço.
Frank Rubio, Sergey Prokopyev e Dmitri Petelin
Similarmente ao caso da Boeing, a missão Soyuz MS-22 deixou os astronautas presos no espaço devido a problemas na nave. Um possível impacto de micrometeorito provocou um vazamento no sistema de refrigeração da espaçonave, em dezembro de 2022, levantando dúvidas se ela poderia ser usada para trazer os astronautas em segurança.
Na época, a agência russa Roscosmos decidiu se antecipar e enviar uma nave de resgate, substituindo a avariada. Porém, por questões de agenda, os cosmonautas russos Sergey Prokopyev e Dmitri Petelin, bem como o astronauta Frank Rubio, teriam que permanecer mais seis meses no espaço, totalizando mais de um ano em órbita.
Com isso, Frank Rubio se tornou o norte-americano com o recorde de mais dias consecutivos no espaço. Ao todo, ele ficou 371 dias na ISS, de setembro de 2022 a setembro de 2023.
Sergei Krikalev
O caso de Sergei Krikalev é diferente de todos os exemplos de astronautas presos no espaço. O cosmonauta ficou 311 dias em órbita — o dobro do tempo inicialmente previsto — devido a problemas geopolíticos.
Em maio de 1991, Krikalev e outro cosmonauta, Anatoly Artsebarsky, bem como a astronauta britânica Helen Sherman, decolaram ao espaço em direção à antiga Estação Espacial MIR. Sharman voltou à Terra na semana seguinte, enquanto Krikalev e Artsebarsky permeneceram na estação espacial.
Em outubro, por sua vez, Artsebarsky voltou à Terra, deixando apenas Krikalev no espaço. Porém, cerca de dois meses depois, a União Soviética se dissolveu, em 26 de dezembro de 1991. Com isso, o Centro Espacial Baikonur passou a pertencer à nação recém independente do Cazaquistão.
Assim, diante do impasse, Krikalev preso no espaço por mais de 100 dias, até a chegada de uma nave de retorno. Isso porque, por questões financeiras e geopolíticas, os próximos dois lançamentos planejados foram reduzidos para apenas um. Assim, ele acabou se tornando o famoso “Último Soviético”, retornando à Terra somente em 25 de março de 1992.
Posteriormente, Krikalev voltaria ao espaço, desta vez, na missão STS-63, do ônibus espacial Discovery, em 1994. Esta foi a primeira missão conjunta entre EUA e Rússia a bordo de uma nave norte-americana.
Entre novembro de 2000 e março de 2001, ele também fez parte da primeira tripulação permanente da ISS, ficando 136 dias em órbita. Em junho de 2005, fez sua última viagem ao espaço, ficando seis meses na estação espacial.