Ouvir música antes de uma anestesia pode deixá-lo mais calmo

Novo estudo mostra com a terapia com música pode auxiliar na aplicação de anestesia no pré e pós operatório de cirurgias, reduzindo a ansiedade do paciente.
Sombra de homem ouvindo música
Alex Livesey/Getty Images

Um pouco de música pode ser o suficiente para acalmar suas preocupações antes de certos procedimentos médicos. De acordo com um novo estudo publicado recentemente, pacientes que ouviram música antes de levarem uma anestesia tiveram nível de ansiedade reduzido tanto quanto aqueles que tomaram um sedativo leve.

Os médicos começaram gradualmente a se voltar para o poder da música como uma forma de ajudar os pacientes a relaxar antes, durante e depois de procedimentos complexos, incluindo cirurgias com resultados promissores. Um procedimento que a música deve idealmente ajudar é chamado de bloqueio temporário do nervo, onde os médicos injetam um anestésico local em uma região de nervos para proporcionar alívio da dor. Os pacientes podem ficar compreensivelmente ansiosos com o procedimento, por isso recebem um sedativo normalmente.

Há muitas razões, no entanto, para os médicos e pacientes evitarem usar este tipo de sedativo, se possível – e não menos importante é que esses medicamentos podem ter seus próprios efeitos colaterais estressantes, como respirar com dificuldade ou paradoxalmente tornar o paciente mais agitado. Mas, de acordo com a autora principal, Veena Graff, anestesiologista e especialista em dor da Faculdade de Medicina da Universidade da Pensilvânia, nunca houve pesquisas comparando diretamente o uso da música ao tratamento padrão para este procedimento.

O estudo, publicado na última sexta-feira (19) no periódico Regional Anesthesia & Pain Medicine, recrutou 160 pacientes relativamente saudáveis, programados para receber um bloqueio do nervo. Metade foi designada aleatoriamente para ouvir música com fones de ouvido com cancelamento de ruído, enquanto o restante recebia o sedativo.

Ao todo, eles descobriram que ambos os grupos experimentaram uma queda semelhante no nível de ansiedade (medida por uma pequena pesquisa realizada pelos pacientes) de antes para depois do procedimento. Os próprios médicos não relataram nenhuma diferença sobre o quão bem eles [os pacientes] se sentiram após o fim do procedimento.

As pessoas que receberam o sedativo relataram um pouco mais de satisfação com o procedimento. E no grupo de audição de música, tanto os pacientes quanto os médicos relataram ter problemas para se comunicar uns com os outros durante o procedimento – provavelmente, por causa dos fones de ouvido com cancelamento de ruído.

Ainda assim, o estudo parece mostrar que não há maiores riscos adicionais no estado mental das pessoas durante esses procedimentos se elas ouvirem música em vez de tomarem um sedativo. E isso também pode tornar as experiências das pessoas antes ou depois das cirurgias muito mais tranquilas, observou Graff.

“Qualquer um pode se beneficiar usando música em vez de pré-medicação; evita o uso de medicação para a sedação”, disse ela ao Gizmodo por e-mail. “Mas algumas pessoas que podem se beneficiar ainda mais são aquelas que realmente não gostam da sensação de estarem sedadas; indivíduos que têm vários problemas médicos em que a sedação pode ser mais prejudicial para eles; ou cirurgias no mesmo dia em que os pacientes podem se recuperar mais rápido porque não receberam muita sedação”.

Pode até haver maneiras de aumentar o efeito calmante da música. No estudo, a equipe usou uma música feita pela banda britânica Marconi Union, que foi desenvolvida em conjunto com terapeutas e lançada em 2011, chamada “Weightless”. A música de oito minutos foi especialmente projetada para ser tão relaxante para os pacientes quanto possível. Mas como hoje em dia todo mundo tem suas próprias playlists do Spotify meticulosamente selecionadas, tocar a música do paciente pode ser o melhor alívio na ansiedade.

“Agora vivemos em um mundo onde a música é onipresente. Muitas pessoas têm smartphones e dispositivos de mídia, onde a música está prontamente disponível”, disse Graff.

A melhor maneira que podemos realmente testar e melhorar os benefícios da música como remédio, disse Graff, é que os hospitais comecem a oferecê-la mais rotineiramente como uma opção ao lado dos tratamentos padrão pré e pós-operatório para dor e ansiedade. Para esse fim, o centro de cirurgia ambulatorial da Penn Medicine agora oferece fones de ouvido descartáveis para qualquer um que queira fazer dar uma relaxada antes do procedimento.

“Sei que existem outras instituições tentando implementar a música em seu dia a dia, mas há mais trabalho a ser feito nesta frente”, disse ela. “Espero que, um dia, essa seja uma opção de rotina que possa ser oferecida a todos os pacientes em tratamento médico”.

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