Ciência

Peixe menor que uma unha faz mais barulho que um britadeira

Representantes machos da espécie de peixe Danionella cerebrum têm o menor cérebro entre vertebrados, mas emitem sons de mais de 140 dB
Imagem: Wikimedia Commons/ Reprodução

Um tiro? A sirene de uma ambulância? Não. É apenas um representante macho da espécie de peixes Danionella cerebrum. Apesar de ser um dos menores peixes do mundo, pesquisadores descobriram que ele consegue emitir sons que excedem 140 decibéis — tão alto quanto uma britadeira.

Para comparação, um bar ou uma agência bancária com muitas pessoas falando ao mesmo tempo têm em média 65 decibéis. A descoberta foi publicada na revista PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences).

Pequeno, mas com voz potente

De água doce e parente das carpas, o Danionella mede 12 milímetros, em média, o que é aproximadamente o tamanho da unha de um adulto. Conhecido por ter o menor cérebro entre os animais vertebrados, ele costuma viver em riachos, especialmente em Mianmar, na Ásia.

Em geral, peixes que emitem alguma vocalização fazem isso a partir de um mecanismo de vibração de sua bexiga natatória. Ela é um órgão que tem como principal função o controle da flutuabilidade desses animais na água e envolve a contração de músculos específicos.

Contudo, entre os machos Danionella, não é assim que acontece. Eles produzem sons a partir de sua costela. De acordo com o estudo, essa parte de seu corpo fica ao lado da bexiga natatória.

Através de um músculo específico, uma parte da cartilagem da costela é movida em direção a esse órgão. Dessa forma, com a batida, o peixe produz o som. 

Em geral, os animais conseguem acelerar o mecanismo, de forma que podem gerar sons em pulsos muito rápidos e altos. Segundo os cientistas, a costela é muito mais dura nos machos, o que explica por que as fêmeas não produzem sons.

Ainda assim, eles não puderam estabelecer o motivo pelo qual os peixes machos dessa espécie emitem sons tão altos. Por enquanto, eles suspeitam que o mecanismo sonoro pode cumprir a função de ajudar na navegação em águas turvas.

Ou ainda pode ser uma tática para afastar outros representantes machos de seus alvos de acasalamento.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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