Ciência

Peru perdeu 56% da cobertura glacial de suas montanhas em menos de 60 anos

Cientistas apontam que mudanças climáticas aceleram ainda mais derretimento da cobertura glacial em regiões tropicais, como o Peru
Imagem: Jan Kronies/ Unsplash/ Reprodução

Segundo o Inaigem (Instituto Nacional de Pesquisa de Geleiras de Montanha e Ecossistemas do Peru), as montanhas peruanas perderam 56% de sua cobertura glacial desde o início da medição, em 1962. Além disso, a agência estatal também anunciou que cerca de 175 geleiras foram extintas devido às mudanças climáticas entre 2016 e 2020.

Ainda restam cerca de mil quilômetros quadrados de cobertura de gelo, uma área que representa aproximadamente 44% do que o país tinha antes das mudanças climáticas. Contudo, o avanço das temperaturas continua ameaçando o que sobrou, com risco de afetar ecossistemas.

Quais as consequências

De acordo com especialistas, há algumas cadeias de montanhas no Peru que já perderam suas geleiras quase que completamente. Por exemplo, da cobertura glacial de Chila, sobrou apenas 1% de gelo. 

A montanha fica localizada em uma parte dos Andes do Peru próxima à cidade de Arequipa e sente as consequências das mudanças climáticas desde 1962. De modo geral, Chila é muito importante para o Rio Amazonas, uma vez que é de sua geleira que descem as águas que dão origem à bacia. 

Além da seca dos rios, a perda de cobertura glacial das montanhas também pode afetar diretamente a população que vive nos arredores. Em 1970, um grande pedaço de gelo se desprendeu do pico nevado Huascarán, nos Andes do norte. 

Dessa forma, a geleira caiu em uma lagoa, causou uma avalanche de lama e destruiu a cidade de Yungay, deixando mais de 20 mil mortos. Na época, isso acontece após um terremoto de alta magnitude, mas o derretimento também pode causar essas quebras.

As mudanças climáticas e as geleiras

Neste ano, montanhas de outras regiões do planeta também sofreram os efeitos do aquecimento global. No hemisfério Norte, por exemplo, o pico de congelamento chegou ao seu nível mais alto desde quando começou a ser medido, há 69 anos. 

O pico de congelamento é o ponto em que a temperatura chega a 0°C e a água passa do estado líquido para o sólido. Ele é medido pela altura em relação ao nível do mar.

De acordo com especialistas, nas regiões tropicais, como a que o Peru está inserido, o recuo acelerado das geleiras é ainda mais intenso.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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