Ciência

Planta que se adapta à radiação pode ajudar a transformar vida em Marte

Estudos anteriores testaram a capacidade de microrganismos, algas e esporos em suportar condições extremas de Marte, mas os resultados com a Syntrichia caninervis é surpreendente
Imagem: Wikimedia Commons/Reprodução

No filme “Perdido em Marte”, o protagonista é um botânico que sobrevive ao período no planeta cultivando batatas. Mas, segundo pesquisadores, uma outra planta pode ser a solução para colonizar Marte.

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Cientistas chineses descobriram que a planta Syntrichia caninervis – um musgo que vive em regiões como o deserto Mojave (EUA) – consegue suportar as condições climáticas de Marte. Isso inclui não apenas o calor e secas. Mas, também, os níveis altíssimos de radiação e o frio extremo. Aliás, com a radiação, a planta apresentou uma melhor taxa de crescimento

Os cientistas afirmam que a planta consegue sobreviver em temperaturas frias de até −196 °C. Em um estudo publicado na segunda-feira (1º), na revista científica The Innovation, os cientistas colocaram a planta em um ambiente que simula as condições de Marte. 

“Nosso estudo mostra que a resiliência ambiental da S. caninervis supera outros microrganismos e tardígrados extremamente tolerantes ao stress”, segundo os pesquisadores.

Planta pode ser pioneira

A equipe, que inclui ecologistas e botânicos (assim como Matt Damon no filme), afirma que a planta é uma candidata promissora a pioneira na colonização de ambientes extraterrestres.

“A S. caninervis pode estabelecer a base para construir ambientes além da Terra, sendo biologicamente sustentáveis para habitats humanos”.

Estudos anteriores testaram a capacidade de microrganismos, algas e esporos em suportarem condições extremas do espaço sideral, ou de Marte. No entanto, este é o primeiro estudo a focar em uma planta completa.

Os cientistas decidiram testar S. caninervis pela distribuição global da planta e sua capacidade de sobrevier em ambientes extremamente desérticos, como o Mojave, e em regiões frias, como Alaska, Sibéria e Escandinávia.

Os testes com a planta

Para testar a tolerância da planta ao frio, os pesquisadores armazenaram amostras em freezers muito frios, com temperatura de  −80 °C, por três e cinco anos.

Outras amostras foram para um tanque de nitrogênio, com temperatura de −196 °C, durante 15 e 30 dias.

Em todos os testes, as plantas conseguiram se regenerar após descongelarem, embora a recuperação foi mais lenta se comparada as amostras que se desidrataram, mas não congelaram.

Planta se recupera em condições extremas e pode servir para colonizar Marte

Mudanças fenotípicas e respostas fisiológicas da planta durante o processo de desidratação. Imagem: The Innovation/Reprodução

Exposição à radiação

A planta também apresentou a capacidade de sobreviver à exposição de radiação gama, que consegue matar a maioria das espécies de plantas. Além disso, doses de 500 Gy, aparentemente, promoveram o crescimento das plantas.

Para se ter ideia da possibilidade da sobrevivência dessa planta em Marte, é importante ressaltar que essa quantidade de radiação é enorme. Humanos expostos a 50 Gy sofrem convulsões e morrem.

De acordo com o estudo, a S. caninervis é um dos organismos com maior tolerância à radiação.

Para testar a capacidade da planta em suportar condições climáticas similares às de Marte, os cientistas usaram a instalação de simulações atmosféricas do Planetário da Academia de Ciências da China.

Planta em simulador das condições climáticas de Marte. Imagem: The Innovation/Reprodução

Assim como em Marte, a simulação incluía o ar composto de 95% de CO₂, temperaturas que variavam entre −60 °C to 20 °C, níveis altos de radiação ultravioleta e baixa pressão atmosférica.

Surpreendentemente, a planta conseguiu se regenerar 100% em 30 dias após ficar exposta às condições de Marte em períodos entre um dia e uma semana. Plantas que ficaram apenas um dia no simulador, também sobreviveram, mas apresentarão uma regeneração mais lenta.

De acordo com os pesquisadores, embora ainda haja um longo caminho rumo à criação de ambientes autossuficientes em outros planetas, a expectativa é que missões espaciais levem essa planta para testes em Marte ou na Lua.

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