Quais são as três “Leis da Robótica”, criadas por Isaac Asimov em “Eu, Robô”

Em 1950, o escritor Isaac Asimov criou "regras" que pudessem criar um ambiente de convivência saudável entre humanos e robôs.
Quais são as três "Leis da Robótica", criadas por Isaac Asimov em "Eu, Robô"
Imagem: Biblioteca Pública de Boston/Picryl/Reprodução

Se estivesse vivo, o escritor russo Isaac Asimov, autor do clássico “Eu, Robô” (1950), estaria completando 102 anos nesta segunda-feira (2). O autor ficou popular ao apresentar as três “Leis da Robótica”, caminhos para uma interação saudável entre robôs e seres humanos. 

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“Eu, Robô” é a obra mais conhecida entre as 483 publicações de Asimov. O autor chegou perto de bater sua meta de vida, que era lançar 500 obras ao longo da carreira.  

Pioneiro na literatura de ficção científica, Isaac Asimov previu um mundo onde robôs e seres humanos coexistem. Por isso, as três Leis da Robótica trazem formas de prevenir possíveis riscos do avanço da IA (inteligência artificial) sobre a humanidade. São elas: 

  • 1ª lei: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal
  • 2ª lei: Um robô deve obedecer às ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens contrariem a Primeira Lei
  • 3ª lei: Um robô deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira e Segunda Leis

No livro “Robôs e Império”, de 1985, Asimov cria uma quarta lei: a “Lei Zero”. 

  • Lei Zero: Um robô não pode fazer mal à humanidade e nem, por inação, permitir que ela sofra algum mal

A obra, imortalizada no longa de 2004 com Will Smith, mostra robôs usados como empregados dos humanos em 2035. Para manter a ordem, eles possuem um código que impede a violência – até que um importante cientista é morto e todas as suspeitas recaem sobre os robôs. 

Visionário

São preocupações dignas – e bastante visionárias, tendo em vista que “Eu, Robô” foi lançado em 1950. Há mais de 70 anos, Asimov viu que, no futuro, a inteligência humana seria ultrapassada por algo que ela mesma criou e, sem precauções, isso poderia tomar rumos perigosos. 

Apesar das ótimas soluções que só temos por causa dos robôs, como na saúde e nas soluções na vida doméstica, especialistas já alertam que essas máquinas podem causar problemas ao ser humano. E já temos exemplos disso. 

Em julho, o Google demitiu um engenheiro que disse que o LaMDA (Modelo de Linguagem para Aplicações de Diálogo, na sigla em inglês) tinha “consciência”. O motivo: a IA teria começado a falar sobre seus direitos e personalidade.

No final de 2022, o criador do Gmail, Paul Buchheit, alertou que a IA vai atrapalhar os negócios do Google “em um ou dois anos”. Isso porque o chatbot ChatGPT faz praticamente tudo – desde buscas avançadas até simular conversas de outros robôs consigo mesmo. 

Como as respostas do robô têm muito mais qualidade que os resultados obtidos nas consultas ao Google, isso pode tornar o mecanismo de pesquisa do Google “antiquado” – e arruinar uma das maiores fontes de receita da big tech. 

Outros casos incluem robôs que podem facilmente substituir os humanos em suas profissões. Um algoritmo do Google já garante mais precisão no diagnóstico de câncer de mama na comparação com o trabalho de médicos radiologistas, enquanto um robô usa IA para “prever” onde jogadores darão o chute

Isso sem contar aplicativos mais comuns, como os que criam imagens automaticamente, que escrevem textos sozinhos e até criam e corrigem o próprio código sem ajuda de humanos. 

Vida  

De origem judaica, a família Asimov migrou para Nova York, nos EUA, quando o escritor tinha apenas três anos de idade. Ao longo da vida, tornou-se membro e vice-presidente da Sociedade Mensa, a maior e mais antiga organização de super-inteligentes do mundo. 

Mas havia relutância: classificava os colegas da Mensa como “intelectualmente combalidos”. Por outro lado, foi mais assíduo na Associação Humanista Americana.

Isaac Asimov gostava de espaços pequenos e fechados e tinha medo de voar. Só o fez duas vezes ao longo da vida, quando serviu ao Exército. Formou-se em bioquímica pela Universidade de Columbia e, depois, em Medicina, na Universidade de Boston. 

Ele morreu em 6 de abril de 1992, em Nova York. Dez anos depois, a biografia “It’s Been a Good Life” (sem edição no Brasil) apontou que o escritor morreu em decorrência da Aids. Ele teria contraído HIV em uma transfusão de sangue contaminada. Deixou a segunda mulher e dois filhos do primeiro casamento. 

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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