Ciência

Sem raios X: cientistas tornam pele invisível para ver órgãos internos

Um composto presente em corantes de temperos e até em chicletes permitiu que os cientistas de Stanford tornassem a pele invisível
Imagem: Universal Pictures/Divulgação

Uma das protagonistas do “Quarteto Fantástico”, Sue Storm, tem o poder tornar sua pele completamente invisível ao controlar o movimento de refração de luz.

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Agora, um ano antes da estreia do novo filme do “Quarteto Fantástico”, cientistas descobriram uma forma de tornar a pele invisível. Só que este recurso se parece mais com o método do livro “O Homem Invisível”, de 1897.

Cientistas da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, descobriram que um corante usado em comidas pode deixar a pele de ratos temporariamente transparente.

No entanto, a pele não fica completamente invisível, pois os órgãos ficam a mostra, como se fosse a visão de raio-x do Superman, descartando a necessidade do equipamento de radiografia.

De acordo com um estudo publicado na edição desta sexta-feira (6) da revista Science, os cientistas conseguiram fazer os tecidos vivos se tornarem transparentes de maneira segura e temporária.

Corante de alimentos por trás da pele invisível

A dispersão de luz, que impede o ser humano de enxergar através de objetos, impossibilita tornar algo – ou alguém – invisível. Então, como eles conseguiram?

No entanto, os cientistas desenvolveram uma tecnologia para combinar os índices de refração em diferentes tecidos, permitindo que a luz passe sem impedimentos através dessas estruturas.

Usando tartrazina, composto presente em corantes de temperos e até em chicletes, os cientistas conseguiram tornar invisível a pele de ratos. Isso porque as moléculas tartrazina são ideais para combinar os índices de refração dos tecidos.

Desse modo, quando a luz encontra partes da pele com o corante, ela segue seu caminho, em vez de se dispersar, tornando os tecidos transparentes. Veja como funciona:

Os pesquisadores usaram o corante em peitos de frango e descobriram que as células musculares aumentaram seus índices de refração conforme a absorção do corante.

Quando esses índices de refração ficaram iguais aos índices das proteínas do músculo do peito, o frango se tornou praticamente invisível.

Em seguida, eles realizaram os testes em criaturas vivas, nos ratos, que também foram eficazes.

“A expectativa é que, futuramente, essa tecnologia possa tornar as veias mais visíveis para hemogramas, facilitar a remoção de tatuagens via laser, ou auxiliar na detecção precoce e no tratamento contra o câncer. Por exemplo, algumas terapias usam lasers para eliminar células cancerígenas, mas são limitadas a áreas próximas à epiderme. Essa técnica, portanto, pode aprimorar a penetração de luz na pele”, afirmou Guosong Hong, co-autor do estudo.

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Pablo Nogueira

Pablo Nogueira

Jornalista e mineiro. Já escreveu sobre tecnologia, games e ciência no site Hardware.com.br e outros sites especializados, mas gosta mesmo de falar sobre os Beatles.

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