SETI cria nova IA e descobre 8 sinais extraterrestres não detectados
Pesquisadores estão utilizando uma nova geração de recursos IA (Inteligência Artificial) para procurar vida extraterrestre na nossa galáxia. Os novos algoritmos conseguiram descobrir oito sinais de interesse que não haviam sido identificados antes pelos astrônomos. Se isso pertence a formas de vida jamais identificadas, bom, aí é outra história.
O trabalho está sendo conduzido pelo Instituto SETI, o projeto Breakthrough Listen, além de outras instituições científicas. A ideia foi atualizar os antigos sistemas de detecção de tecnoassinaturas alienígenas – desenvolvidos há várias décadas – para algoritmos mais modernos e com capacidade para analisar grandes conjuntos de dados.
Durante a pesquisa, os cientistas utilizaram modelos IA de aprendizado de máquina e visão computacional para analisar 150 TB de dados coletados de 820 estrelas próximas da Terra. Esses dados já haviam sido analisados em 2017 usando técnicas convencionais. Porém, nada de interesse foi encontrado na época.
Os dados foram captados pela antena do Observatório Green Bank, nos EUA, como parte de uma campanha de observação do Breakthrough Listen.
Após executar os novos algoritmos e reexaminar manualmente os dados, os oito sinais recém-detectados apresentaram algumas características interessantes.
A primeira delas é que os sinais tinham uma frequência de banda estreita, de poucos hertz. Geralmente, sinais causados por fenômenos naturais possuem uma banda mais larga, o que indica que eles poderiam ter origem artificial.
Os sinais de rádio também tinham taxas de desvio diferentes de zero, apresentando uma certa inclinação. Essa inclinação indica que a origem poderia estar acelerando em relação aos receptores na Terra. Isso pode descartar que os sinais foram originados da Terra.
Além disso, os sinais apareceram em observações quando o telescópio é apontado para uma fonte específica (“ON”, no jargão científico), e desaparecem quando o instrumento é desviado (“OFF”). Caso o sinal detectado fosse um falso positivo – causado por interferência de transmissões de rádio humana, por exemplo –, ele seria observado tanto em ON quanto em OFF.
IA encontrará vida inteligente na galáxia?
O desenvolvimento da nova tecnologia IA de detecção de assinaturas extraterrestres foi detalhado em um estudo publicado na revista Nature Astronomy. Os pesquisadores esperam usar as novas técnicas para processar e analisar dados mais rapidamente e identificar anomalias que possam ser evidências de tecnologia alienígena.
Embora o estudo desses novos alvos de interesse ainda não tenha resultado em mais detecções, a nova abordagem de análise de dados se mostrou promissora. “A aplicação dessas técnicas em escala será transformadora para a ciência da tecnoassinatura de rádio”, disse Cherry Ng, um dos coautores do estudo.
Atualmente, o SETI e outras organizações usam radiotelescópios ao redor do mundo para buscar possíveis sinais de rádio vindos de formas de vida inteligente fora da Terra. O rádio é uma ótima maneira de se comunicar no espaço, pois ele pode atravessar incríveis distâncias entre as estrelas, além de atravessar a poeira e gás do ambiente interestelar.
Os novos algoritmos devem auxiliar nas buscas feitas com telescópios de nova geração, como o MeerKAT — que pretende analisar 1 milhão de estrelas da nossa galáxia. A expectativa é que a nova IA seja capaz de analisar de forma mais precisa e rápida grandes conjuntos de dados.