Um adeus para a Messenger, sonda espacial que caiu em Mercúrio

O destino da Messenger estava selado desde o início: quando a sonda espacial ficasse sem combustível, ela iria colidir com Mercúrio.

Em 2004, muitos anos antes do Facebook Messenger sequer existir, a NASA lançou ao espaço a nave Messenger. E esta semana, ela caiu na superfície de Mercúrio, após uma missão longa e bem-sucedida.

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O destino da Messenger estava selado desde o início: quando a sonda espacial ficasse sem combustível, ela iria colidir com Mercúrio, planeta que ela foi observar. Só não esperávamos que ela durasse quatro anos por lá, em vez de um.

É algo triste para aqueles de nós que ficam irracionalmente ligados a uma espaçonave, mas também é bom para refletir sobre o que esta pequena sonda significou para a exploração espacial.

A Messenger – sigla em inglês para Superfície, Ambiente Espacial, Geoquímica e Órbita de Mercúrio – foi a primeira sonda a orbitar o planeta mais próximo do Sol. A jornada foi difícil, mas resultou em algumas descobertas muito importantes.

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A longa rota em espiral

A Messenger passou seus primeiros sete anos indo a Mercúrio. A rota, que somou 7,9 bilhões de quilômetros, foi propositalmente tortuosa. Por que não enviá-la em linha reta? É que reduzir a velocidade o bastante para entrar na órbita de Mercúrio e neutralizar a forte atração gravitacional do Sol exigiria uma quantidade enorme de combustível.

Em vez disso, os engenheiros da NASA prepararam um caminho em espiral, que usou a gravidade da Terra, Vênus e Mercúrio para guiar a Messenger pelo espaço. Ela passou uma vez pela Terra, duas vezes por Vênus, e quatro vezes por Mercúrio até entrar na órbita do planeta de ferro. Assim:

Rota da Messenger

É difícil estar tão perto do Sol

Para criar uma sonda que poderia sobreviver ao Sol, que brilha 11 vezes mais forte em Mercúrio do que na Terra, os engenheiros da NASA tiveram de criar novas soluções.

Por exemplo, a Messenger tinha um “guarda-sol” feito de tecido de cerâmica. Com ele, as temperaturas podiam chegar a 370°C na parte externa do tecido, mas ficavam em cerca de 20°C na parte interna. Isso também significa que a Messenger não podia voar muito perto de Mercúrio, ou o calor irradiado pelo planeta prejudicaria a área interna da sonda.

Há gelo!

Gelo em Mercurio

Suspeitava-se há muito tempo que Mercúrio tinha gelo, mesmo estando tão próximo do Sol, mas a confirmação só veio com a Messenger. A sonda tirou fotos das crateras escuras nos polos, tão profundas que algumas partes internas nunca veem a luz do dia. É frio o suficiente para formar gelo sólido.

A descoberta também confirmou que a água não é tão rara no sistema solar como acreditávamos.

Um estranho campo magnético

Tal como a Terra e ao contrário de muitos outros planetas, Mercúrio tem um campo magnético, mas ele é bem torto – muito mais intenso no norte do que no sul. Por enquanto, ainda não sabemos o motivo.

Superficie de Mercurio

A superfície de Mercúrio

Mercúrio é um planeta incomum porque seu núcleo de ferro perfaz 60% da sua massa. À medida que o núcleo esfriou e encolheu, todo o planeta encolheu junto. A Messenger encontrou rugas – enormes penhascos, na verdade – dominando a superfície do planeta, a prova de como a mudança foi drástica no planeta.

Em termos mais gerais, a Messenger nos deu a visão mais completa da superfície de Mercúrio. Pesquisadores mapearam tudo, e conseguiram imagens próximas que mostram fluxos de lava e crateras em detalhe.

Ultima imagem da Messenger

Em seus últimos dias e horas, à medida que a sonda voava ainda mais perto do planeta, ela ainda estava enviando ​​novas imagens notáveis para a Terra. Ontem, ela mandou a foto acima da cratera Jokai, de 93 km, antes de colidir a mais de 12.000 km/h na superfície de Mercúrio. No total, foram 255 mil imagens nos últimos onze anos.

Depois de uma missão inesperadamente longa e frutífera, a Messenger encontrou o seu fim. Agora que a sonda deixou de funcionar, ela deixou outra cratera relativamente pequena na superfície esburacada de Mercúrio, o único sinal de que estivemos lá.

Imagens por JHU/APL

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