Ter amigos pode fazer bem para o intestino, aponta pesquisa

Estudo com macacos-rhesus relacionou sociabilidade com a abundância de bactérias benéficas à saúde do intestino
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Imagem: Anders Snew/Unsplash/Reprodução

Uma pesquisa com macacos feita por pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, relacionou habilidades sociais com a abundância de bactérias que fazem bem ao intestino. O estudo foi publicado na última sexta-feira (11) na revista científica Frontiers in Microbiology

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Cientistas, destacaram que as conexões são essenciais para uma boa saúde e bem-estar nos animais sociais, como os humanos e primatas. 

A pesquisa observou um grupo de 38 macacos-rhesus da ilha de Cayo Santiago, na costa leste de Porto Rico. 22 eram machos e 16 fêmeas, todos com idades entre seis e 20 anos. Hoje mais de 1 mil macacos da espécie vivem na ilha. 

Para a análise, os pesquisadores coletaram 50 amostras de fezes entre 2012 e 2013. O material foi comparado com o tempo que cada macaco passou se arrumando ou sendo tosado por seus parceiros de limpeza no mesmo período — hábitos típicos da espécie. 

“Os macacos são animais altamente sociais e a higiene é a principal forma de fazer e manter relacionamentos”, explicou Karli Watson, coautora do estudo. “Por isso, a higiene fornece um bom indicador de interações sociais”. 

Ao verificar os dados da sequência de DNA das amostras de fezes para medir a diversidade de micróbios no intestino dos animais, os pesquisadores observaram como cada um dos macacos se comportava socialmente. 

Bactérias que fazem bem 

Os macacos mais sociáveis – ou seja, com mais amigos – tinham intestinos que funcionavam melhor do ponto de vista imunológico e menos micróbios com potencial para causar doenças. 

Eles também apresentaram abundância do micróbio intestinal Faecalibacterium, conhecido por suas propriedades anti-inflamatórias. 

Por outro lado, macacos menos sociáveis apresentavam em maior incidência a bactéria Streptococcus, que pode causar doenças como faringite estreptocócica e pneumonia nos humanos. 

Agora, os cientistas tentam entender quais são as causas para que isso aconteça. A hipótese é que a relação entre o comportamento social e a abundância microbiana resulte da transmissão social de bactérias – especialmente, através da higiene. 

Mas também pode ter outros efeitos indiretos. “Macacos com menos amigos podem ficar mais estressados, o que afeta a abundância desses micróbios”, disse Katerina Johnson, a principal autora do estudo. 

“Além do comportamento que influencia o microbioma, também sabemos que é uma relação recíproca, em que o microbioma pode, por sua vez, afetar o cérebro e o comportamento”, pontuou. 

A descoberta acende um alerta para os humanos e suas relações virtuais. “Devemos ficar atentos ao fato de que, como primatas, nós [humanos] não evoluímos apenas no mundo social, mas também no mundo microbiano”, afirmou o coautor Robin Dunbar. 

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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