Ciência

Trigonelina, presente no café, pode melhorar funções cognitivas, diz estudo

Composto natural do café apresentou benefícios à memória e à relação com o espaço de camundongos, complementando resultados de outros estudos
Imagem: Mike Kenneally/ Unsplash/ Reprodução

Resolução de problemas mais lenta, menor velocidade de percepção e capacidade da memória comprometida são comuns nesta etapa da vida. O envelhecimento, mesmo que saudável, traz à tona alguns comprometimentos cognitivos. Com o aumento da expectativa de vida da população mundial, isso é ainda mais perceptível. 

Neste contexto, um novo estudo explica o mecanismo de um composto natural que pode auxiliar na melhora de funções cognitivas prejudicadas pelo envelhecimento. A trigonelina, encontrada no café, apresentou benefícios à memória e à relação com o espaço.

Estudos anteriores já relataram que a trigonelina promove a regeneração de partes dos neurônios do córtex cerebral. Em testes relacionados à doença de Alzheimer e a neuroinflamação, o composto do café também havia induzido a melhora cognitiva.

Agora, cientistas buscam observar os efeitos da trigonelina no declínio cognitivo relacionado à idade e compreender os mecanismos moleculares do composto. A descrição da pesquisa está em um artigo na revista GeroScience.

Entenda a pesquisa

Para estudar os benefícios cognitivos doa trigonelina, pesquisadores japoneses administraram doses em camundongos que tinham propensão ao envelhecimento acelerado. Durante 30 dias eles receberam trigonelina e foram testados no chamado labirinto aquático de Morris.

Nesta etapa, os cientistas já notaram que aqueles que estavam recebendo o composto tiveram uma melhora significativa na memória e na aprendizagem relacionada ao ambiente em que eles estão inseridos. 

Contudo, para testar também os efeitos moleculares da trigonelina eles analisaram o genoma do hipocampo dos camundongos. Como resultado da ingestão do composto do café, os animais tiveram algumas vias de sinalização moduladas. 

Isso significa que a passagem de informações de uma célula a outra recebeu ajustes. Nesse caso, as vias com alterações significativas eram relacionadas ao desenvolvimento do sistema nervoso, à função mitocondrial, à síntese de ATP, à inflamação, à autofagia e à liberação de neurotransmissores.

Em geral, a equipe de pesquisa descobriu que a trigonelina suprimiu a inflamação neurológica. 

Além disso, os pesquisadores também observaram outros dois aspectos importantes. O primeiro é a redução dos níveis de citocinas inflamatórias TNF-α e IL-6. O segundo, o aumento dos níveis dos neurotransmissores dopamina, noradrenalina e serotonina no hipocampo.

Os resultados avançam o conhecimento da ciência na área cognitiva e abre caminhos para o estudo de tratamentos.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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