Chove muito mais no hemisfério sul que no norte; estudo explica o motivo
Tempestades são 24% mais comuns no hemisfério sul em comparação ao hemisfério norte – e existe um motivo para isso.
Um estudo publicado na quinta-feira (5) pelas Universidades de Washington e Chicago, dos EUA, mostrou que essa divisão desigual tem a ver, principalmente, com a altura das montanhas e circulação de ar nos oceanos.
Na pesquisa, uma equipe de cientistas executou uma série de modelos climáticos. Eles observaram como as mudanças variáveis, como topografia e correntes oceânicas, tinham impacto no número de tempestades criadas ao longo do ano.
A cada vez, os pesquisadores mudaram uma parte dos modelos climáticos. Quanto ignoraram as montanhas dos hemisférios norte e sul, metade da diferença de tempestades desapareceu.
Foi então que os cientistas frearam a grande cinta transportadora global de correntes oceânicas. Esse movimento nasce quando a água quente esfria e afunda no Ártico, flui para o sul e sobe com o impulso dos ventos da Antártica.
Aí veio a surpresa: sem as correntes e as montanhas, os níveis de tempestades nos dois hemisférios ficaram alinhados.
Frequência de tempestades aumentou
As observações de satélite mais recentes indicam que a frequência das tempestades tem aumentado no hemisfério sul desde a década de 1980, quando chegaram as primeiras análises de satélite em tempo real.
Enquanto isso, o índice continuou quase que inalterado no hemisfério norte. Uma hipótese é que isso tenha influência das mudanças nas correntes provocadas por alterações atmosféricas e nas temperaturas do oceano.
Essas transformações estão acontecendo em todo o mundo, mas no norte têm uma certa “compensação”. O motivo: por lá, há mais perda de neve e gelo marinho, além de uma maior absorção da luz solar, dizem os pesquisadores.
“Estima-se que o hemisfério sul se torne mais tempestuoso, enquanto as mudanças nas tempestades no hemisfério norte são silenciadas devido a um cabo de guerra entre as mudanças climáticas tropicais e polares”, diz o estudo.
Estabelecer essa base de entendimento é essencial para aumentar a confiança sobre as projeções de mudanças climáticas, disse Tiffany Shaw, líder da pesquisa e cientista climática da Universidade de Chicago. “Assim, ajudamos a sociedade a se preparar melhor para os impactos dessas transformações”, pontuou.