Ciência

Cientistas juntam 21 estudos e fazem maior mapa do cérebro humano do mundo

Pesquisas identificaram a diferenciação das células no cérebro e aspectos genéticos que podem influenciar distúrbios neurológicos
Imagem: Josh Riemer/ Unsplash/ Reprodução

Pesquisadores mapearam mais de três mil tipos de células do cérebro humano, muitas ainda desconhecidas pela ciência. Nos resultados, é possível compreender até mesmo as interações moleculares. Assim, criaram o maior e mais completo atlas cerebral até o momento. 

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A pesquisa faz parte da Iniciativa de Pesquisa Cerebral por Meio do Avanço de Neurotecnologias Inovadoras do Instituto Nacional de Saúde dos EUA – Rede de Censo Celular (BICCN), uma colaboração entre centenas de cientistas.

O trabalho resultou em um conjunto de 21 artigos científicos que foram publicados nas revistas Science, Science Advances e Science Translational Medicine. A expectativa é que, posteriormente, auxilie estudos sobre doenças, cognição e até mesmo os fatores que separam humanos de outros animais.

Diversidade de neurônios

Entre os novos aspectos identificados na pesquisa está o fato de que os neurônios variam em diferentes partes do cérebro. Em geral, algumas células foram encontradas apenas em regiões específicas. Para os cientistas, sobretudo, isso sugere funções com histórias de desenvolvimento diferentes.

Neste sentido, o estudo também mostrou que a mistura de tipos de neurônio também varia em cada parte do órgão. 

Uma das grandes surpresas da pesquisa foi que o tronco encefálico, que é a estrutura que liga o cérebro à medula espinhal, abriga um número elevado de tipos de neurônios diferentes. Antes do atlas cerebral, esta região era pouco estudada.

Expressão genética

Enquanto isso, outros estudos investigaram o cérebro sob a lente da genética, revelando a complexidade do órgão. Segundo pesquisadores, dois genes do mesmo tipo em duas células de mesma categoria ainda podem ter características diferentes. 

Desta vez, também prevalece a distinção de acordo com a região cerebral em que está inserido. Por exemplo, para a Nature, é como se “um gene fosse ativado com um interruptor na frente do cérebro e com outro na parte de trás”.

Essa informação é importante porque aproxima os cientistas do mecanismo que ativam ou bloqueiam a expressão gênica nas células cerebrais. Por sua vez, isso pode ser útil para diagnosticar distúrbios do cérebro e desenvolver tratamentos personalizados.

Compreensão dos distúrbios do cérebro

Em outra parte da pesquisa, cientistas analisaram como as células cerebrais acessam e usam as informações genéticas, descobrindo conexões entre este fator e distúrbios como transtorno bipolar, depressão e esquizofrenia.

Por exemplo, em células chamadas microglia, responsáveis por remover células mortas ou danificadas, a presença de alguns interruptores genéticos estava fortemente ligada ao risco de doença de Alzheimer. 

Por fim, o próximo passo é trabalhar com mais amostras de tecido. A ideia é criar uma imagem de como o cérebro humano pode variar entre populações e grupos etários.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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