Ciência

Diferente do que pensavam astrônomos, as estrelas não ficam mais lentas com a idade

Novos estudos indicam que, depois da metade de suas vidas, estrelas resistem à desaceleração de sua rotação e ficam estáveis
Imagem: NASA/ Unsplash/ Reprodução

Durante décadas, astrônomos acreditaram na teoria de que estrelas mais antigas giram mais devagar. Mas, como a ciência é viva e sempre evolui, novos estudos estão reorganizando essa ideia.

Segundo a revista Scientific American, uma nova pesquisa aceita pelo periódico Astrophysical Journal Letters revelou que, por volta da metade de suas vidas, as estrelas se estabilizam. Assim, mantém uma rotação constante por mais bilhões de anos.

Entenda o contexto

À medida que as estrelas giram, elas liberam uma corrente de partículas carregadas, que os autores do estudo descrevem como braços que se alongam. Então, quanto mais extensos, mais eles acabam se prendendo ao campo magnético da própria estrela. 

Com o passar do tempo, esse vento estelar magnetizado vai gradualmente reduzindo a rotação do astro. Dessa forma, elas ficam mais lentas. Desde a década de 1970 essa é a teoria aceita, que determina o chamado “freio magnético”.

No entanto, ela só foi testada em estrelas mais jovens que o Sol. Recentemente, novas pesquisas apontam para uma lacuna na compreensão de como os campos magnéticos estelares evoluem ao longo do tempo.

O que diz a nova pesquisa

Em 2016, Jennifer van Saders fez o primeiro estudo que indicou que a rotação das estrelas se estabilizam após elas atingiram aproximadamente a idade do Sol. “Basicamente, na metade da vida das estrelas, sua rotação muda fundamentalmente”, explicou. 

Depois disso, a pesquisadora passou a investigar com diferentes técnicas milhares de outras estrelas. O estudo mais recente de sua equipe, ainda não publicado, incorpora dados da 51 Pegasi, conhecida por ser a primeira estrela orbitada – semelhante ao Sol – fora do sistema solar. 

Ele indica que, abaixo de uma certa velocidade, a força rotacional de uma estrela não é forte o suficiente para redistribuir a energia magnética. Assim, a estrela perde sua capacidade de gerar um campo magnético em larga escala. 

Sem ele, o vento estelar não pode se estender tão longe, de forma que o astro desativa os freios em sua rotação.

E o Sol?

Com as novas afirmações, as estrelas se dividem em dois grupos. Há aquelas que estão desacelerando, ainda na primeira metade de suas vidas, e aquelas que já se estabilizaram. 

O Sol parece estar bem na fronteira dessa transição. Para pesquisadores, isso pode explicar as pausas na atividade magnética ao longo das últimas décadas.

“Essa tranquilidade do Sol se tornará mais longa e mais frequente com o tempo até, eventualmente, ele estar mais equilibrado”, disse Travis Metcalfe, autor do novo artigo.

Nesse período de estabilidade, as estrelas tendem a ter menos surtos de radiação e plasma que podem causar estragos em planetas próximos. Isso, por sua vez, favorece ambientes mais estáveis e propícios para a vida se estabelecer. 

Dessa forma, Metcalfe acredita que futuras missões espaciais podem ter mais chances de encontrar exoplanetas habitáveis. E não só no sistema solar, se pesquisadores concentrarem suas buscas também em estrelas que já fizeram essa transição.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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