Evento na Holanda serve almôndega de mamute feita com DNA do animal extinto
Gosta de carnes exóticas? Que tal uma almôndega feita de mamute lanoso, animal extinto há pelo menos 10 mil anos? A anúncio da iguaria aconteceu aconteceu no Nemo, Museu de Ciência da Holanda, na última terça-feira (28).
A proteína foi fabricada pela Vow, empresa australiana que cultiva carne em laboratório. Na prática, uma equipe de cientistas pegou uma sequência de DNA da mioglobina de um mamute, a proteína muscular que dá sabor à carne.
Em seguida, o grupo preencheu as lacunas com o DNA do animal e colocou a sequência em células-tronco de ovelha, que se replicaram até surgir a carne de mamute. Cada almôndega precisa de mais de 20 bilhões de células para ganhar corpo e formato.
“Temos um problema de mudança de comportamento quando se trata de consumo de carne”, disse George Peppou, CEO da Vow. “O objetivo é fazer com que alguns bilhões de comedores de carne deixem de comer proteína animal [convencional] para comer coisas que podem ser produzidas em laboratório”, disse, ao jornal The Guardian.
“Acreditamos que a melhor maneira de fazer isso é inventar a carne. Procuramos células fáceis de cultivar, realmente saborosas e nutritivas, e depois misturamos e combinamos essas células para criar uma carne realmente saborosa”, completou.
Por que o mamute lanoso
A escolha do mamute lanoso se deu porque o mamífero é símbolo das perdas de biodiversidade por causa da ação do homem e das mudanças climáticas.
Acredita-se que o animal foi extinto pela caça humana e aquecimento do mundo depois da última era glacial. Mas, além dele, a Vow já investiga o potencial de transformar o DNA de mais de 50 espécies em carne cultivada. Entre eles estão a alpaca, búfalo, crocodilo, canguru, pavão e diversos tipos de peixes.
Segundo os produtores, cultivar carne em laboratório usa muito menos água e terra do que a criação de gado. Além disso, não produz emissões de metano, um gás poluente proveniente dos bovinos.
A empresa australiana afirma que toda a energia usada nos laboratórios vem de fontes renováveis. Até agora, a companhia reuniu US$ 288 milhões em investimentos.
Já está à venda?
Até agora, ninguém provou a carne cultivada de mamute. Cingapura foi o primeiro país a aprovar a modalidade para venda comercial, ainda em 2020. Isso porque a produção ainda está em fase de testes — e, como nenhum ser humano come essa carne há milhares de anos, não há como saber de que forma o sistema imunológico reagirá à proteína.
Alguns estabelecimentos de Cingapura já vendem carne cultivada de codorna japonesa, mas há pouco acesso ao público geral. A expectativa é que restaurantes comecem a oferecer pratos com o mantimento criado artificialmente ainda neste ano.
Enquanto isso, duas empresas buscam o processo de aprovação na FDA, a Anvisa dos EUA. “Infelizmente, a legislação da maior parte do mundo não permite que produtos cárneos cultivados sejam vendidos em supermercados ou restaurantes”, diz a Vow, em seu site.
“Ao fazer a almôndega de mamute, esperamos mudar isso, mostrando as infinitas possibilidades da carne cultivada e o quão avançada é essa tecnologia”. E você, provaria?