Facebook admite que seu alto-falante com câmera Portal pode vir a coletar dados para vender anúncios

Pareceu meio esquisito quando, na semana passada, o Facebook anunciou o Portal, um novo gadget de alto-falante ativado por voz e conversa por vídeo, com a empresa dizendo que não usaria dados coletados por meio do dispositivo para direcionar anúncios. Na verdade, foi bem esquisito. Agora, o Facebook acaba de admitir que o Portal é […]

Pareceu meio esquisito quando, na semana passada, o Facebook anunciou o Portal, um novo gadget de alto-falante ativado por voz e conversa por vídeo, com a empresa dizendo que não usaria dados coletados por meio do dispositivo para direcionar anúncios. Na verdade, foi bem esquisito. Agora, o Facebook acaba de admitir que o Portal é completamente capaz de coletar dados sobre você e usá-los para direcionar anúncios. Mas não se preocupe. O Facebook provavelmente não fará isso imediatamente.

• Portal é a webcam “inteligente” do Facebook que te persegue se você se mexer

A falta de comunicação é confusa, para dizer o mínimo. Inicialmente, o Recode noticiou que “nenhum dado coletado pelo Portal será usado para direcionar anúncios para os usuários no Facebook”. Agora, uma semana depois, o Facebook retirou essa alegação. Apesar do fato de a empresa ter dito que nenhum dado coletado seria usado para o direcionamento de anúncios, o Portal é completamente capaz de ser um monstro coletor de dados, e esses dados com certeza podem ser usados para anúncios direcionados. Isso é o que a empresa disse em um comunicado:

A chamada de vídeo do Portal é construída a partir da infraestrutura do Messenger. Portanto, quando você faz uma chamada de vídeo no Portal, coletamos os mesmos tipos de informações (isto é, dados de uso como duração das chamadas e sua frequência) que coletamos em outros dispositivos com Messenger. Podemos usar essa informação para fornecer informação para os anúncios que mostramos para você em todas as nossas plataformas. Outros dados de uso gerais, como uso agregado de apps, também podem alimentar as informações que usamos para apresentar anúncios.

Esse parece ter sido um simples caso do Facebook dizendo uma coisa quando na verdade queria dizer o completo oposto dessa coisa. Em uma entrevista subsequente, Rafa Camargo, do Facebook, disse ao Recode: “Acho que (meu colega) queria dizer que não pretendamos usá-los (os dados). Potencialmente, poderiam ser usados”.

Isso é embaraçoso. Parece que a equipe de comunicação do Facebook ou errou de propósito e foi pega ou simplesmente não sabia como o novo dispositivo funcionava. De uma forma ou de outra, todos que talvez estivessem pensando em pagar US$ 200 ou mais em um gadget feito pelo Facebook que coloca microfones e câmeras do Facebook em suas casas agora sabe que a empresa projetou tudo isso de forma que pudesse coletar informações sobre suas vidas, que então poderiam ser transformadas em ganhos financeiros por meio de anúncios.

Mas o Facebook não está sozinho nessa ambição. A empresa segue os passos de Amazon e Google ao usar altos-falantes ativados por voz como potenciais dispositivos de coleta de dados. A Amazon tem sido mais descarada sobre isso. Afinal, ela criou um dispositivo Echo que usava uma câmera para analisar as roupas das pessoas, utilizando essa informação para recomendar roupas para elas comprarem. Também existem alguns relatos dispersos de que a empresa tem planos de recomendar marcas específicas quando você perguntar à Alexa sobre certas coisas. O Google, enquanto isso, não está ativamente te espionando, mas tem experimentado a implantação de anúncios em vários dispositivos Home. O Google não colocou uma câmera em seu novo Home Hub, citando preocupações de privacidades de seus consumidores.

Bom, sabemos há anos que o Facebook tem dificuldades com privacidade e segurança. Faz quase uma década que Mark Zuckerberg notoriamente disse que a privacidade não era mais a “norma social”. E, mesmo que o Facebook tenha tentado voltar atrás nessa afirmação durante anos, a companhia segue fazendo besteiras. O escândalo da Cambridge Analytica, que serviu como um doloroso lembrete de que foram as próprias diretrizes do Facebook que levaram ao vazamento e à exploração de informações de dezenas de milhões de usuários. Além disso, mesmo na semana passada o Facebook admitiu que uma falha de segurança com os dados comprometeu informações pessoais de cerca de 30 milhões de usuários. Em outras palavras, seja pela maneira como tudo foi projetado ou por acidente, o Facebook não consegue proteger a privacidade das pessoas.

Porém, como várias pessoas já disseram, o Facebook quer os seus dados porque é uma empresa de dados. Ele ganha muito dinheiro coletando informações de bilhões de pessoas, já que pode vender anúncios direcionados com esses dados. Então não deveria ser surpresa alguma que o primeiro lançamento de um dispositivo pela empresa seja algo que vá potencializar essa coleta de dados. E também não deveria surpreender se a companhia decidir vender anúncios por meio dele. Ainda assim, é incrível como a empresa está fazendo isso tudo de maneira tão desorganizada.

[Recode]

Imagem do topo: Facebook/Gizmodo

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