Ciência

Jardins Suspensos da Babilônia podem não ter sido na Babilônia

A documentação histórica diverge sobre a construção e o local dos Jardins Suspensos, apontando para uma região ao norte da Babilônia
Imagem: British Museum/Reprodução

Os Jardins Suspensos da Babilônia, uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, é a única cuja localização ainda é desconhecida. Diferentemente das outras seis, a existência dos Jardins Suspensos da Babilônia se baseia em textos antigos.

Devido à falta de evidência física, outro mistério envolve quem suspendeu os Jardins da Babilônia. A tese mais comum sobre o responsável pela construção – baseada em textos clássicos – é o rei Nabucodonosor 2º.

O governante do Império Neobabilônico, entre 605 e 562 a.C., construiu os jardins, supostamente, como um presente para a sua esposa.

As descrições nos documentos antigos retratam os Jardins Suspensos da Babilônia como uma estrutura magnífica similar a um templo, com terraços cheios de plantas e árvores exóticas.

Contudo, além da inexistência de evidências físicas, a ausência de menções dos Jardins Suspensos da Babilônia por fontes relevantes da antiguidade geram mais dúvida sobre o local.

Onde estão os Jardins Suspensos da Babilônia?

No livro “The Mystery of the Hanging Garden of Babylon”, a historiadora britânica Stephanie Dalley comenta sobre a falta de menções aos Jardins Suspensos da Babilônia nos textos de Heródoto.

O “Pai da História” escreveu bastante sobre as “Sete Maravilhas do Mundo Antigo”, já que foram os gregos que inventaram o conceito. Além disso, Heródoto nunca citou jardins em suas descrições sobre a Babilônia.

Além disso, Dalley aponta que a localização da Babilônia é a mais distante do Mar Mediterrâneo entre as outras seis maravilhas, como o Farol de Alexandria, ou Templo de Ártemis. A maioria dos historiadores do período eram do Mediterrâneo, explicando a escassa documentação dos Jardins Suspensos da Babilônia.

Mapa mostra localização das sete maravilhas do mundo antigo, destacando a distância entre a Babilônia e o Mediterrâneo. Imagem: Wikimedia Commons

A ausência de registros também explica uma possível confusão sobre o local dos Jardins, conforme Dalley revela em seu livro.

A historiadora propôs uma teoria sugerindo que os Jardins Suspensos foram construídos, na verdade, em Nínive, capital da Assíria, pelo rei Senaqueribe.

Dalley estudou inscrições cuneiformes que mostram que a confusão sobre o local começou quando a Assíria conquistou Babilônia em 689 a.C.

Conflitos dificultam escavações para descobrir o local dos jardins

Após a conquista, Nínive passou a ser conhecida como de “Nova Babilônia”. Pela localização, no norte da Mesopotâmia, os Jardins Suspensos da Babilônia ficariam no norte do Iraque, próximo à cidade de Mossul.

Representação artística da cidade de Nínive. Imagem: British Museum/Divulgação

No entanto, escavações na região foram escassas devido aos perigos da Guerra do Iraque. Em 2014, o Estado Islâmico conquistou a região de Mossul, destruindo artefatos históricos e sítios arqueológicos até 2017.

Nesta quarta-feira (5), a Unesco anunciou a conclusão do projeto de restauração do patrimônio histórico de Mossul destruído pelo Estado Islâmico.

No entanto, boa parte da cidade está sob controle de milícias do Irã, dificultando escavações para descobrir evidências dos Jardins Suspensos.

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Pablo Nogueira

Pablo Nogueira

Jornalista e mineiro. Já escreveu sobre tecnologia, games e ciência no site Hardware.com.br e outros sites especializados, mas gosta mesmo de falar sobre os Beatles.

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