Morre Monica Vitti, musa de Antonioni e do cinema italiano dos anos 60
A atriz italiana Monica Vitti morreu nesta quarta-feira (2), aos 90 anos. A informação foi confirmada pela agência de notícias ANSA, citando um tuíte de Walter Vetroni, ex-prefeito de Roma e amigo da família de Vitti.
No Twitter, ele escreveu: “Roberto Russo, seu parceiro nos últimos anos, me pediu para comunicar que Monica Vitti se foi. Faço-o com muita dor, carinho, arrependimento”. A causa da morte não foi divulgada, mas a atriz estava longe da vida pública desde 2001, por conta de um diagnóstico de Mal de Alzheimer.
Roberto Russo, il suo compagno di tutti questi anni, mi chiede di comunicare che Monica Vitti non c’è più. Lo faccio con dolore, affetto, rimpianto.
— walter veltroni (@VeltroniWalter) February 2, 2022
“Adeus Monica Vitti, adeus à rainha do cinema italiano. Hoje é um dia verdadeiramente triste, morre uma grande artista e uma grande italiana”, escreveu o ministro da Cultura, Dario Franceschini, em um comunicado depois de recordar a longa carreira da atriz, tanto em comédias como dramas.
#Vitti, il ministro @dariofrance: «Addio a #MonicaVitti, la regina del cinema italiano. Oggi è una giornata davvero triste, scompare una grande artista e una grande italiana». https://t.co/jDxXXve2t4 #MiC pic.twitter.com/iZncTOftf9
— Ministero della Cultura (@MiC_Italia) February 2, 2022
Maria Luisa Ceciarelli, nome de batismo de Monica, nasceu em Roma em 1931. A atriz iniciou sua carreira artística ainda na adolescência em produções amadoras. Depois, cursou a Academia Nacional de Artes Dramáticas de Roma.
Vitti era conhecida como a “musa” do diretor Michelangelo Antonioni, um dos principais cineastas do movimento neo-realista italiano. Também era chamada popularmente de “rainha da comédia” principalmente pelos trabalhos ao lado de Alberto Sordi.
Internacionalmente, Monica Vitti era mais conhecida por estrelar longas clássicos de Michelangelo Antonioni, como “A Aventura” (1960), “A Noite” (1961), “O Eclipse” (1962) e “O Deserto Vermelho” (1964).
Após o fim da colaboração (e do namoro) com Antonioni, Vitti se reinventou estrelando filmes com apelo mais popular, como o épico de espionagem “Modesty Blaise” (1966) – nascido nos quadrinhos, a personagem era considerada a “James Bond feminina”.
“A Garota com a Pistola” (1968), “Ciúme à Italiana” (1970, com Marcello Mastroianni) e “O Fantasma da Liberdade” (1974, de Luís Buñuel) também marcaram essa fase da carreira. Em 1980, ela retomou a parceria com Antonioni pela última vez, em “O Mistério de Oberwald”.
Por suas atuações, recebeu sete troféus no Globo de Ouro Italiano, venceu cinco prêmios de Melhor Atriz no David Di Donatello Awards e foi indicada ao BAFTA por “A Aventura”. Vitti também levou o prêmio de melhor atriz no Festival de Berlim por Flirt (1983), e foi homenageada com o Leão de Ouro honorário pela carreira no Festival de Veneza de 1995.
De acordo com a imprensa italiana, a atriz sofria de Mal de Alzheimer há pelo menos duas décadas. O seu último trabalho como atriz foi no filme de TV, “Ma tu mi vuoi bene?”, de 1992.
A atriz deixa o marido, o diretor de cinema Roberto Russo, com quem se casou em 2000 e tinha um relacionamento desde 1973. Os dois trabalharam juntos em “Flirt” (1984), longa que rendeu a Monica Vitti o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Berlim.