Ciência

Mpox: varíola dos macacos se espalha com a ajuda de esquilos

Apesar de aguardar revisão acadêmica, o estudo oferece fortes evidências que vinculam os esquilos ao vírus da Mpox.
Imagem: Ane Lopez-Morales/Divulgação

Após um surto de Mpox em macacos em um parque nacional na Costa do Marfim, na África, cientistas conseguiram estudar a transmissão da varíola dos macacos e identificaram que o vírus se espalha com a ajuda de esquilos.

De acordo com um estudo publicado na última terça-feira (8), esquilos da espécie Funisciurus pyrropus, nativa das florestas da África Central e Ocidental, são hospedeiros naturais da Mpox. Ou seja: os esquilos hospedam o vírus, mas não adoecem, servindo como mais uma fonte para transmissão da Mpox em humanos.

Em 1958, o cientista dinamarquês Preben Von Magnus descobriu o vírus da Mpox (MPXV) em macacos-cinomolgo, batizando a doença de “varíola dos macacos”. No entanto, a hipótese do novo estudo, que ainda aguarda revisão acadêmica, pode confirmar décadas de especulação. Desde os anos 1980, cientistas acreditam que os roedores são os principais transmissores do vírus.

Apesar de aguardar revisão por pares, o estudo oferece fortes evidências que vinculam os esquilos F. pyrropus ao vírus da Mpox.

Como os esquilos transmitem Mpox aos macacos?

Fabian Leendertz, principal autor do estudo e líder da equipe de pesquisas, identificou o elo entre os esquilos e o Mpox, encontrando o vírus em macacos mangabeis desde dezembro de 2022. Aliás, Leendertz, também diretor do Centro Helmholtz de Pesquisa de Infecções, na Alemanha, foi escolhido pela OMS para fazer parte da equipe que estudou as origens do Covid-19, em 2020.

O cientista monitorava a espécie de macacos mangabei-cinzentos, quando houve um surto de Mpox no Parque Nacional de Taï, na Costa do Marfim, em 2023.

O surto começou com um filhote de macaco e se espalhou em quase um terço do bando, deixando quatro mortos. Com isso, os cientistas puderam analisar amostras biológicas, incluindo fezes e urinas de antes e depois do surto.

De acordo com o estudo, a varíola dos macacos estava presente nas amostras da mãe do filhote que morreu no início do surto de Mpox.

Com as amostras, os cientistas sequenciaram dois genomas completos do vírus Mpox, mostrando resultados idênticos que apontavam para uma única fonte. Para identificar a origem, Leendertz e sua equipe analisaram amostras biológicas de centenas de roedores.

Conforme estudo, um esquilo da espécie Funisciurus pyrropus foi encontrado morto em novembro de 2022, três meses antes do surto de Mpox nos macacos do parque. Análises posteriores revelaram que o vírus presente no esquilo correspondia à cepa encontrada nos macacos.

Ou seja: os cientistas descobriram que os macacos comiam os esquilos com base em análises fecais, indicando a hipótese contágio pela predação.

No entanto, vale ressaltar que o estudo, além de aguardar revisão científica, não descarta a possibilidade da transmissão da Mpox por outros animais até chegar aos esquilos e aos macacos.

Pablo Nogueira

Pablo Nogueira

Jornalista e mineiro. Já escreveu sobre tecnologia, games e ciência no site Hardware.com.br e outros sites especializados, mas gosta mesmo de falar sobre os Beatles.

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