NASA monta telescópio em balão para estudar formação de estrelas
A NASA anunciou que está desenvolvendo um novo telescópio que será acoplado a um gigantesco balão para fazer pesquisas em astrofísica a partir da estratosfera.
O “Astrophysics Stratospheric Telescope for High Spectral Resolution Observations at Submillimeter-wavelengths” – ou simplesmente ASTHROS – será lançado a partir de uma base científica na Antártida e chegará a 40 quilômetros de altura. Para isso, será utilizado um balão de alta altitude com um tamanho maior do que o de um campo de futebol.
O motivo para lançar um telescópio nessa altitude é para que ele estude o gás e poeira que estão dispersos pela nossa galáxia. No alto da estratosfera, o ASTHROS analisará o comprimento de onda de luz na faixa do infravermelho distante. Essa faixa não pode ser observada com mais detalhes a partir da superfície da Terra, pois ela é filtrada pela atmosfera.
O ASTHROS estudará regiões de formação de estrelas em nossa galáxia, além de criar mapas 3D de alta resolução. “Essas capacidades são essenciais para a abordagem da missão de estudar o feedback estelar, o processo pelo qual nuvens de gás e poeira – os ingredientes para fazer estrelas – são dispersas em galáxias, às vezes até o ponto em que a formação de estrelas é interrompida completamente”, disse a NASA em comunicado.
A agência acrescenta que também fará estudos de galáxias distantes, para entender como a formação de estrelas ocorre em grandes escalas e em diferentes ambientes.
Telescópio voará por até quatro semanas
Segundo a agência espacial americana, a construção do espelho principal de 2,5 metros de diâmetro terminou no último mês de junho. Para comparação, o espelho do ASTHROS é um pouco maior do que o utilizado no famoso Telescópio Espacial Hubble.
Construir o espelho – que tem uma forma parabólica quase perfeita – foi um desafio, pois ele precisava ser leve o suficiente para voar em um balão, mas forte e rígido para que ele não se deforme com o próprio peso. O espelho é formado por vários painéis feitos de um alumínio leve, com as suas superfícies feitas de níquel e revestidas com ouro – para melhorar a refletividade do instrumento no comprimento de infravermelho.
O desenvolvimento do espelho teve a participação da Media Lario, uma empresa de óptica italiana, que também ajudou a construir o espelho secundário e a estrutura de suporte do novo telescópio.
De acordo com Jose Siles, gerente do projeto ASTHROS, o instrumento tem especificações de um telescópio espacial, porém, com um orçamento e cronograma mais apertados. “Acho que este é provavelmente o telescópio mais complexo já construído para uma missão de balão de alta altitude”, disse Siles.
A expectativa é que a Media Lario entregue a unidade completa do telescópio à NASA no final deste mês de julho. Em seguida, o instrumento será integrado à estrutura que se conecta ao balão e a outros componentes importantes, para que sejam iniciados os testes.
O ASTHROS deverá estar pronto para voar a partir de dezembro de 2023. Durante o voo, ele realizará observações por até quatro semanas, enquanto circula o Polo Sul.