Por que o tubarão-branco morre em poucos dias no aquário?

Apesar das inúmeras tentativas, nenhum aquário conseguiu manter um tubarão-branco em cativeiro por muito tempo. O motivo está na natureza desse animal; entenda
Por que os tubarões brancos morrem em poucos dias no aquário
Imagem: Ken Bondy/Flickr/Reprodução

Se grandes baleias orcas podem ser mantidas em aquário, porque nunca vimos espécies de tubarão-branco nesses espaços? A resposta é bem simples – e deprimente: na grande maioria das vezes, esses animais morrem poucos dias depois de entrar nesses ambientes. 

A última tentativa de colocar um tubarão-branco em cativeiro foi no Japão, no Aquário Churaumi de Okinawa, em 2016. O animal morreu depois de três dias

A primeira tentativa que se tornou pública foi no oceanário Marineland of the Pacific, uma atração turística da Califórnia, na década de 1950. Em menos de 24 horas, o tubarão estava morto. 

O SeaWorld, em Orlando, também tentou abrigar esses animais ao longo dos anos. Mas, em todos os casos, ou o animal morria ou precisava voltar à natureza após poucos dias. O único lugar onde tubarões brancos viveram por mais de 16 dias foi no Monterey Bay Aquarium. Na verdade, eles permaneceram ali, vivos e saudáveis, por meses.

Faz sentido: o aquário da cidade de Monterey, na Califórnia, é um dos maiores de água salgada do mundo. É possível que o tubarão-branco tenha se dado melhor lá porque eles precisam de espaço para sobreviver – literalmente. 

Questão de espaço 

Com quase 6 metros de comprimento, esses animais precisam nadar constantemente para que a água passe por suas guelras e, assim, lhes dê oxigênio. Por isso, eles nadam longas distâncias quando estão na natureza. 

Em 2003, a tubarão fêmea Nicole foi e voltou da África para a Austrália – uma viagem de mais de 20 mil km – em apenas nove meses. A jornada foi documentada através de um localizador colocado no animal. 

Uma teoria sugere que o ambiente artificial dos tanques de vidro pode sobrecarregar ou confundir a eletrorrecepção dessa espécie de tubarão – percepção sensorial permite que eles detectem movimentos sutis e mudanças no ambiente marinho. Em um tanque, eles podem facilmente se confundir com outros estímulos, como as paredes transparentes e equipamentos eletrônicos que os cercam. 

Dieta

Outro empecilho para que esses animais não sobrevivam em aquários é a alimentação. Grandes tubarões-brancos são predadores arquetípicos, ou seja, eles só buscam comida quando estão à beira de morrer de fome. Mas, se alguma presa viva passar pela sua frente, eles jamais dispensarão o aperitivo. 

Em um aquário, isso não deve ser a coisa mais fácil e barata de se manter – e muito menos agradável aos olhos dos visitantes. 

Vale notar que, nas experiências com tubarões-brancos em cativeiro, muitos desses animais se recusaram a comer diariamente, o que fez com que a saúde se deteriorasse e morressem antes.

Percepção diferente 

A boa notícia é que, a partir da década de 1990, a percepção do público sobre grandes animais marinhos em cativeiro mudou bastante. Essa diferença tem relação com o documentário Blackfish, que expôs as práticas do SeaWorld com suas orcas em cativeiro. 

Desde então, ver um grande tubarão-branco em um aquário não parece tão legal assim, ainda mais depois de saber todo o sofrimento que isso causa a esses animais. 

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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