[Review] iPhone Xs Max: potência de sobra a preços pornográficos

A Apple não demorou muito para trazer os novos iPhones ao Brasil. Em menos de dois meses, tanto o iPhone Xs como o iPhone XR já começaram a ser vendidos. Mais precisamente, eles apareceram nas lojas no início de novembro. Desde um pouco antes do lançamento, tive a oportunidade de começar a usar o modelo […]
Alessandro Feitosa Jr./Gizmodo Brasil

A Apple não demorou muito para trazer os novos iPhones ao Brasil. Em menos de dois meses, tanto o iPhone Xs como o iPhone XR já começaram a ser vendidos. Mais precisamente, eles apareceram nas lojas no início de novembro.

Desde um pouco antes do lançamento, tive a oportunidade de começar a usar o modelo iPhone Xs Max, o aparelho com a maior tela já usada em um smartphone da marca. A companhia citou diversas melhorias internas em sua nova leva de smartphones, como o processador, o sistema de câmeras e no Face ID, o sistema de segurança de escaneamento facial.

Mas e na prática? Como que é tudo isso? É um bom smartphone? Vale a pena? Se sim, pra quem? Essas são algumas das perguntas que tento responder ao escrever sobre o lançamento da Apple que, por aqui, tem preço que varia entre R$ 7.299 e R$ 9.999.

Por fora

Para começar, foi a coisa mais cara que já carreguei no bolso. A versão que testei foi a de 512 GB, que tem preço sugerido de R$ 9.999 na loja da Apple. E, olha, nos primeiros dias deu bastante medo andar com ele por aí, pois, sei lá, apenas 3% da população de São Paulo ganha isso ou mais mensalmente, segundo a calculadora do Nexo que mostra quanto seu salário se compara à realidade brasileira. As coisas não mudam tanto mesmo para versão menos cara de 64 GB, que custa R$ 7.299.

É grana pra burro, e eu fiquei por aí dando uma volta com ele de transporte público. Por um lado é legal, pois é a versão mais completa do dispositivo, por outro, é um pouco esquisito andar com o valor de um Uno Mille dando sopa no bolso da calça.

Dar uma encarada no iPhone Xs Max me fez pensar em como as bordas são inúteis. Ele tem o mesmo tamanho do iPhone 8 Plus e conta com uma tela maior. São 5,5 polegadas contra 6,5 polegadas. É um número considerável. A diferença fica aparente ao colocar os aparelhos lado a lado. E pensar que demoramos pouco mais de dez anos após a estreia do iPhone para se ligar do espaço desperdiçado pelas bordas.

iPhone 8 Plus ao lado do iPhone Xs Max: o tamanho é igual. Crédito: Alessandro Feitosa Jr./Gizmodo Brasil

Aliás, a tela é espetacular. O display OLED Super Retina HD tem uma das melhores definições e níveis de brilho que já vi em um smartphone. Me lembrou bastante a sensação que tive ao mexer pela primeira vez no iPhone 4. Foi o primeiro smartphone com tela Retina lançado pela Apple, e o display desse telefone era um dos melhores da época, justamente pelo nível de detalhamento de imagem que ele podia exibir, além do brilho.

Na prática, a qualidade da tela fez com que eu assistisse a mais vídeos no telefone, além de possibilitar usar o smartphone tranquilamente em dias de muito sol. Tem aparelho que só fazendo cabaninha pra ver o que se passa no display.

O Display Mate, site especializado em análise de display, diz que a tela do iPhone Xs Max é a melhor do mercado, com ótimos níveis de precisão de cor e brilho que chega a 725 nits (quanto mais nits, maior o brilho), superando os últimos lançamentos da Samsung. Se você for display-lover (se é que isso existe), vale a pena gastar um tempo lá para ter mais detalhes.

Mesmo não tendo bordas grandes como o iPhone 8, o iPhone Xs Max tem uma leve borda preta em volta da tela, como ocorre com seu antecessor. No fundo, ela me parece ser uma boa proteção para evitar toques involuntários enquanto se segura o aparelho.

Se liga nas bordinhas. Crédito: Alessandro Feitosa Jr./Gizmodo Brasil

O iPhone Xs Max é revestido de vidro, o que traz como vantagem o visual premium e a possibilidade oferecer carregamento sem fio com opções de outras marcas — a Apple ainda não oferece, apesar de ter prometido no evento de lançamento do iPhone X em 2017. A companhia diz que o vidro traseiro recebeu um bom reforço, o que o torna mais resistente a quedas. Bem, nesse tempo ele não caiu no chão nenhuma vez (meu salário agradece!), mas fiquei imaginando se isso acontecesse. Ele pesa 208 gramas e é um “tijolinho” se comparado, por exemplo, com os concorrentes, como o Galaxy Note 9 (201 gramas) e o Galaxy S9+ (189 gramas).

Pela primeira vez, a Apple não inclui na caixa um adaptador para fones P2. Isso quer dizer que ele vem com um fone Lightning e que se você quiser usá-lo em seu computador (ainda que seja Apple), você vai ter de se virar e comprar algum tipo de adaptador. É um pouco frustrante, pois os dispositivos na empresa parecem não “conversar” entre eles.

O fone que acompanha os novos iPhones é Lightning. Então, você só consegue ligar nos iPhones com esta porta. Crédito: Alessandro Feitosa Jr./Gizmodo Brasil

No lançamento, a notícia de que os novos iPhones seriam dual-SIM pegou muita gente de surpresa. A ideia é que ao viajar a pessoa não necessite, por exemplo, remover seu chip e colocar o de outra empresa — perder o minúsculo chip nano-SIM é facílimo. A companhia permite usar dois chips, sendo um nano-SIM e a ativação de um eSIM interno. Infelizmente, as operadoras brasileiras ainda não oferecem suporte à eSIM (nem nos EUA a coisa engrenou direito), mas dependendo do país que você for, será possível ativar. Por ora, a Claro oferece suporte à eSIM, mas só para Apple Watch.

Utilizando

O FaceID era um negócio que eu achava bem frescurento. Talvez por ter ouvido falar que no iPhone X não era tão bom e pela zica que deu durante a apresentação da Apple no ano passado. Porém, quando comecei a usar no iPhone Xs Max, fiquei bem impressionado. Geralmente, ao tirar o telefone do bolso e colocá-lo na altura do peito, ele já desbloqueia o telefone. É impressionante a rapidez em que tudo acontece. Pelo menos comigo, a taxa de erro foi mínima — quando não dava certo, tinha de digitar um PIN de seis números.

Sim, o recorte na tela continua nos iPhones de 2018. Crédito: Alessandro Feitosa Jr./Gizmodo Brasil

A única coisa esquisita foi tentar desbloquear o aparelho num dia em que eu estava de óculos de sol. Aí não rolou mesmo. Pra usar o FaceID, tinha que levantar o acessório para que o sensor detectasse a região dos meus olhos. Aliás, mesmo de olhos fechados, não dá para alguém desbloquear o seu telefone. Então, não dá só para desbloquear o telefone mirando o sensor no rosto de alguém que está dormindo. Ainda bem, né? No caso de pessoas que se maquiam, a Apple diz que é possível cadastrar uma outra face.

O iPhone Xs Max foi o primeiro smartphone que usei cujos controles são feitos predominantemente com os gestos. De botão, tem um do lado direito (que serve para ligar o celular e ativar a Siri) e outros dois de volume no lado esquerdo.

Já usei iPhone algumas vezes na minha vida, e com o iPhone Xs Max, pela primeira vez, precisei dar um Google para saber “como desligar o iPhone Xs”. Precisa segurar o botão direito (da Siri) junto com algum botão de volume por alguns segundos. Aí, ele mostra a opção de desligar. Para capturar a tela, é a mesma combinação, só que a execução deve ser mais suave. Na próxima vez, eu leio o manual primeiro.

Voltando aos gestos, foi bem fácil me acostumar — depois de uns dois dias, começa a fazer sentido e tudo rola naturalmente.

O iOS 12 traz boas adições ao telefone, como o sistema que verifica se você tem senhas repetidas, a ferramenta que mostra o quanto você usa o smartphone por dia e um novo sistema de organização de fotos que lembra o Google Fotos — o sistema automaticamente organiza coleções baseada em locais onde foram tiradas as fotos.

Tem também aquelas coisas só do mundo Apple: os MeMojis são avatares divertidos que você pode substituir pelo seu rosto em chamadas do FaceTime; com essas mesmas carinhas é possível mandar mensagens gravadas para seus amigos via iMessage. É aquela coisa, né? É simpático e a captação de expressões do rosto é bem fiel, mas só vai dar para usar isso com seus amigos com gadgets Apple. Se tivesse para WhatsApp e a plataforma de mensagens da empresa da maçã estivesse aberta para outros sistemas, talvez fosse mais interessante.

A criação dos Memojis é feita na mão. Crédito: Alessandro Feitosa Jr./Gizmodo Brasil

No que diz respeito a bateria, a Apple sempre dá poucos detalhes; a empresa só falou que dura 1,5 hora a mais que o iPhone X; cerca de 13 horas de uso ininterrupto.

O iPhone Xs Max durou comigo exatamente 24 horas. Quando digo isso, pense na seguinte situação: carrego completamente o smartphone às 23h e ele só vai morrer no dia seguinte — estou somando aqui umas 7 horas de sono em que o telefone ficou inativo. Dentro dessas 24 horas, usei bastante redes sociais (umas 6 horas por dia), fiquei ativo no Slack por pelo menos umas 9 horas por dia, recebi um monte de notificações por e-mail e ouvi música no YouTube Music/Spotify via 4G por pelo menos uma hora a cada dia.

Agora o que me incomodou é a demora para carregar o iPhone Xs Max. Diferente dos aparelhos Android, a Apple não conta com sistemas de carregamento rápido pelo menos não no carregador padrão. Então, usando o carregador que veio na caixa, o telefone levou 2h30 min de 1% a 80%. Por sorte, eu tinha um carregador antigo de iPad de 12 W — o que vem na caixa é de 5 W —, aí as coisas melhoraram. Dá pra carregar o aparelho em uma 1h30m hora fácil.

Processador: que potência, hein?

A Apple gastou um bom tempo do evento de lançamento falando do A12 Bionic. Ele é um SoC (System on a Chip), cuja CPU tem 6 núcleos, a GPU tem 4 núcleos e 8 núcleos de neural engine. Os primeiros dois itens são importantes, pois eles tornam o aparelho mais rápido e permitem lidar com apps que exigem bastante uso de gráficos. Bom, não tem erro: tudo que abri rodou redondo, sem engasgos ou demoras. Agora, chama a atenção a tal Neural Engine. A promessa da Apple é usar os vários núcleos dedicados a esta função para poder processar recursos de realidade aumentada e machine learning.

No teste, instalei até o joguinho do momento dos jovens, o Fortnite. Apesar de sobreviver muito pouco, deu para jogar umas partidas e a experiência foi muito que boa. Mesmo com a minha internet não muito potente, com 20 Mbps, foi super tranquilo jogar. Fui alvo de algumas carnificinas e o melhor: tudo sem lag. Me chamou a atenção o sistema de áudio do aparelho: em partidas do Fortnite, conseguia saber se o inimigo estava vindo pela direita ou pela esquerda baseado no som. É um detalhe, mas isso ajuda a trazer uma certa sensação de imersão no jogo, mesmo sem fone de ouvido.

Também quis passar vergonha com o Into the Dead 2, um game em que você deve sobreviver a ondas de ataques zumbis. Mesma coisa: fui morto com classe e em boa definição.

Em testes de benchmark do Gizmodo US comparando o iPhone Xs com o iPhone X, o novo smartphone só usava metade da capacidade gráfica para rodar PUBG — que é um jogo que exige bastante processamento. Fortnite, então, abre 15 segundos mais rápido no novo aparelho comparado com o do ano passado.

Isso nos faz pensar que o processador da Apple é um monstrinho e que ele está preparado para tarefas muito mais pesadas que ainda estão por vir por aí. Para a Apple, este futuro envolve apps que usam muito realidade aumentada (inclusive joguinhos multiplayer) e uso de inteligência artificial.

Conjunto de câmeras

O iPhone sempre foi conhecido por ter boas câmeras. No lançamento deste ano, a empresa manteve os mesmos sensores do iPhone X, porém a melhoria vem justamente na combinação do chip A12 Bionic com técnicas de fotografia computacional.

Começando pelo sensor frontal, a câmera TrueDepth de 7 megapixels tira boas selfies com a ajuda de uma mapeamento de profundidade, que ajuda a manter o rosto em foco e a fazer o efeito bokeh — aquele que possibilita desfocar o fundo. Não sou muito de tirar autorretrato, mas os que tirei ficarem bem bons. Mesmo vestindo uma blusa corta-vento, o sistema fez um recorte bem digno, desfocando só o segundo plano.

Uma outra vantagem é que mesmo após tirar a foto no modo retrato (tanto na câmera frontal como nas traseiras), é possível ajustar a profundidade de campo de uma imagem. Então, dá para desfocar mais ou menos o fundo conforme a vontade do freguês. O mesmo serve para os modos de iluminação (luz de estúdio, luz de contorno, etc). Isso tudo é trabalho do processador.

Na traseira, temos dois sensores de 12 megapixels. Uma lente grande angular e outra telefoto. Bem, as fotos captadas são bem boas. O nível de detalhamento de cor e definição dos objetos de cena em ambientes claros são muito bons. E ter a lente tele quebra um bom galho para zoom — é 2x, mas já ajuda bastante para captar alguns detalhes sem perder tanta definição.

Em fotos com baixa ou má iluminação, os sensores principais costumam fazer imagens satisfatórias. Graças ao HDR inteligente, que capta quatro imagens da cena e as junta para criar uma com mais contraste, mesmo fotos em ambientes mais desafiadores saem com qualidade interessante. Em alguns casos, a cena sai boa, mas ao dar zoom, você consegue notar alguma granulação.

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No que diz respeito à fotografia noturna, aparentemente, o Google está ainda na frente dos concorrentes com o Night Sight, disponível para dispositivos Pixel (que não estão oficialmente disponíveis no Brasil), que só tem uma câmera na traseira e depende apenas de algoritmos para melhorar a foto.

E aí? Vale?

O iPhone Xs Max é um baita smartphone e o melhor telefone já feito pela Apple. Um dos grandes trunfos do aparelho é o chip A12 Bionic, que torna o aparelho preparado com alguma folga para a próxima leva de aplicações que devem depender bastante de inteligência artificial, seja para melhorar fotos ou para rodar outros tipos de tarefas complexas. Sem contar a tela que tem uma definição impressionante.

Por um preço que varia de R$ 7.299 e R$ 9.999, o aparelho no Brasil veio posicionado quase como um item de luxo, pois mesmo com as condições “camaradas” (você pode ter um desconto de 10% pagando à vista, parcelar em mais de 10 vezes ou mesmo dar seu aparelho antigo para obter um novo), é um negócio inacessível para quase todo mundo. Lembre-se do dado extraído da calculadora do Nexo lá no início que diz que cerca de 3% da população de São Paulo tem uma renda de R$ 9.999.

Devo concordar com um post recente nosso que diz que “você não precisa dos modelos mais novos e caros de iPhone”. O aparelho é muito bom, mas o iPhone 8 e 8 Plus passam a ser boas opções para quem quer ter um bom processador e tirar fotos de boa qualidade — aliás, fique esperto, pois em alguns varejistas que o preço está ficando menor do que os praticados na loja da Apple.

É óbvio que tem muita gente que compra fora do Brasil: o preço é menos proibitivo, mesmo com o dólar a quase R$ 4, mas não tem parcelamento. Os R$ 7 mil do iPhone Xs mais simples vira cerca de R$ 4.400 nos EUA (incluindo taxas). Então, meu chute, é que esta nova versão chegue às mãos de pessoas endinheiradas entusiastas da marca ou desenvolvedores que trabalham em aplicações que usam o potencial do chip A12 Bionic. Mesmo assim, para estes públicos que precisam de desempenho, tem o iPhone XR. Ele tem o mesmo chip A12, mas tem uma tela com qualidade inferior e apenas uma câmera na traseira. O preço não é dos mais camaradas, mas, pelo menos, ele começa em R$ 5.199.

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