“Loki” é a série mais impactante do Universo Marvel – Crítica sem spoilers

Em mais um acerto, a Marvel prova que nada em seu universo cinematográfico é por um acaso. Leia nossa crítica da primeira temporada.
Divulgação/Disney
Imagem: Disney/Divulgação

Estamos em uma semana de celebração para fãs da Marvel. Viúva Negra, primeiro filme dos estúdios desde 2019, finalmente foi lançado. Além disso, nesta quarta-feira (14) foi ao ar o último episódio de Loki, a terceira das séries do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) e a mais recente produção original do Disney+.  Por pura ironia e mórbida coincidência, ambas “retomam” personagens que já se foram no que tratamos como cânone no MCU.

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Cronologicamente, Loki segue os acontecimentos de Vingadores: Ultimato. No filme, os heróis viajam para diversos lugares do tempo e espaço, incluindo a volta para a grande luta de Nova York contra o exército do vilão Loki. Acontece que o protagonista desta série (interpretado por Tom Hiddleston) foge com o poderoso Tesseract e isso resulta em um desvio da realidade. Ele é interceptado pela AVT, a Autoridade de Variância Temporal, e aí temos o início da série. 

Por vermos um “vilão Loki” desviado diretamente de 2012, ele não é o mesmo personagem que morreu em Vingadores: Guerra Infinita, e sim uma “variante”, como a própria série coloca. A AVT trabalha como uma polícia temporal, em constante vigilância de potenciais ramificações do que os Guardiões tratam como normalidade, em uma linha temporal sagrada. 

O Deus da Mentira é explorado de maneira minuciosa ao longo dos seis episódios — a série toda tem mais ou menos 4 horas e meia duração. Inclusive, temos espaço para redimir o título de mentiroso ao nos simpatizarmos com a confusão de Loki a respeito das realidades alternativas. Por sinal, a roteirista Kate Herron conseguiu criar espaço até mesmo para introduzirem a bissexualidade do personagem, de maneira discreta e eficaz.

A série nunca desliza, nem exagera no humor. Tivemos mais de uma década para nos importarmos com Loki, que deixou de ser vilão para se tornar anti-herói. Sua simplicidade, confiança (e falta dela), periculosidade e perspicácia são empáticos. Isso guia toda a série e seduz até mais os resistentes em defender que o deus era um antagonista. Todavia, a série não está livre de falhas de ritmo. Pelo menos um dos episódios é total perda de tempo, preenchendo um buraco para algo realmente acontecer no próximo. Ok, isso é normal dentre as outras produções do Universo Marvel – e, convenhamos, uma normal dentre séries de streaming.

Com essa ressalva, afirmo que há excelentes introduções, com atores que parecem ideais para os respectivos papéis. Owen Wilson é o carismático Mobius; Gugu Mbatha-Raw consegue ser intimidadora na pele de Ravonna; e a recorrente aparição de Wunmi Mosaku como B-15, ainda que mal explorada, foi essencial para trechos específicos. Sophia Di Martino também se destaca como Sylvie, mas para evitarmos spoilers não explicarei sua grande importância aqui – quem assistiu sabe sobre os momentos tão memoráveis. 

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Mobius, Ravonna, B-15 e Sylvie. Imagem: Disney/Divulgação. Montagem: Gizmodo Brasil

Pela sinopse e pelos trailers, Loki se vendeu como uma série perfeita para introduzir o conceito de multiverso de maneira prática, além do que tínhamos visto em Vingadores: Ultimato. Ou seja, a linha do tempo principal está repleta de ramificações, com possível interação entre universos paralelos. A partir disso, temos a base de filmes como Doutor Estranho no Multiverso da Loucura e Homem-Formiga: Quantumania. Espera-se que o próximo Homem-Aranha, marcado para sair em dezembro, também utilize do mesmo conceito.

Loki também reforça que nada é por acaso na Marvel. Os estúdios planejam tudo com bastante antecedência; vide a introdução de Thanos no primeiro Vingadores, antes da vitória do vilão em Guerra Infinita. Porém, em tempos pandêmicos, muito precisou ser ajustado na agenda. O plano inicial era intercalar séries e filmes, mas acabamos ficando com nada menos que quatro lançamentos de cinema somente no segundo semestre de 2021. What If…?, animação original da Disney+, já estava gravada e arquitetada para caber perfeitamente nisso, brincando com “variações” dos personagens que já conhecemos.

As séries da Marvel são necessárias para o universo que o estúdio construiu. Independentemente da ordem, são como extensos trailers do que virá adiante. Porém, Loki parece ser a maior delas. De certa forma, você pode assistir Doutor Estranho com a Feiticeira Escarlate sem se perguntar como a heroína se tornou tão poderosa. Talvez, poderá ver naturalmente Falcão se tornar o Capitão América em um próximo filme – afinal, o bastão foi passado em Ultimato. Agora, creio que será difícil assistir ao próximo grande filme do MCU sem antes ter visto o desfecho de Loki.

Com o aprendizado das lógicas explicadas a nós ao longo do programa, todas as séries da Disney+ fazem bem em ter uma história contida em conexão direta ao MCU. Há influências, introdução de personagens e às vezes o resgate de outros. WandaVision é a prova viva disso. O único grande incômodo, em particular, é que ela constrói personagens espetaculares para “desfazer” sua influência no universo de maneira boba. Basta pensar como a própria AVT age: a Marvel é como a agência, podando heróis e vilões de “sobrarem” para outros filmes, com exceção do(a) protagonista.

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De toda forma, Loki segue como a série mais impactante “do” e “ao” Universo Cinematográfico da Marvel. As outras duas tiveram seus pontos fortes e saldo final, mas não desaguam em um clímax como este. 

Com 6 episódios de aproximadamente 50 minutos cada, Loki está disponível no Disney+.

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