Ciência

Selfies: estudo revela como elas podem ser usadas para comunicar

Pesquisadores analisaram como pessoas podem interpretar autorretratos instantâneos com base no que o dono da selfie expressou
Imagem: Antoine Beauvillain/ Unsplash/ Reprodução

Usando diferentes técnicas de pintura, humanos fazem autorretratos muito antes do surgimento das fotografias, há 200 anos. Só que a possibilidade de fazer registros imediatos pelo celular criou um fenômeno completamente novo: as selfies.

Anteriormente, estudos concluíram que as pessoas que tiram selfies têm três objetivos principais: auto expressão, documentação e performance. 

Agora, cientistas da Universidade de Bamberg, na Alemanha, decidiram investigar a maneira como essas fotografias têm sido usadas para comunicar. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista Frontiers in Communication.

Entenda a pesquisa

Os pesquisadores selecionaram um conjunto de mil selfies de teste a partir de um banco de imagens chamado Selfiecity. Eles usaram apenas autorretratos sem texto, registrados por uma câmera móvel, com tamanho padrão e em um fundo cinza simples.

Em seguida, recrutaram 132 participantes para a pesquisa, que analisaram 15 selfies cada um.

Para entender que tipos de significado as pessoas atribuem aos diferentes autorretratos, os pesquisadores pediram às pessoas que descrevessem suas primeiras impressões de cada imagem.

Então, eles processaram todas as informações, agrupando-as em 26 categorias diferentes. Depois, os cientistas analisaram com que frequência essas categorias apareciam nas respostas e também se apareciam juntas.

Por fim, os pesquisadores identificaram cinco grupos temáticos que englobavam todas categorias descritas. Por exemplo, no grupo de “traço”, eles incluíram imagens que evocavam interpretações relacionadas à personalidade. 

Já no grupo de “imaginação”, eles inseriram fotos que levaram os entrevistados a imaginar onde a pessoa da imagem estava ou o que estava fazendo no momento do registro.

O maior grupo foi chamado “estética”, e continha autorretratos que mostravam o estilo do indivíduo.  Menos populares, mas ainda com várias imagens, foram os grupos “estado” e “teoria da mente”.

O primeiro incluía fotos que olhavam para o humor ou atmosfera, enquanto o segundo trazia imagens que induziram os entrevistados a fazer suposições sobre os motivos ou identidade do dono da selfie

Selfies como expressão

De modo geral, os pesquisadores acreditam que o estudo mostrou que os participantes estavam atentos para a linguagem visual que as pessoas nas selfies usaram para comunicar diferentes aspectos de si mesmos — o que vai da roupa até a expressão facial.

“Ficamos bastante impressionados com a frequência com que a categoria ‘teoria da mente’ foi expressa, porque essa é uma maneira muito sofisticada de comunicar sentimentos e pensamentos internos”, disse Tobias Schneider, autor do estudo. 

Para os pesquisadores, isso mostra como as selfies podem ser eficazes em termos de comunicação. Ainda assim, eles apontaram que as categorias podem não ser expressas ou compreendidas da mesma forma em todo o mundo.

Por isso, mais pesquisas sobre os autorretratos são necessárias. “A pesquisa nunca acaba. Precisamos de mais relatórios gratuitos sobre selfies, mais descrições de como as pessoas se sentem em relação às pessoas e cenários retratados, para entender melhor como as selfies são usadas como uma forma compacta de comunicação com os outros”, explica Schneider.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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