Ciência

Trabalhar durante a noite pode aumentar risco de câncer, diz estudo

Pesquisa encontrou relação na mudança do ciclo circadiano, ou seja, na troca do dia pela noite, e aumento do risco de câncer de fígado
Imagem: Isabella Fischer/ Unsplash/ Reprodução

A falta de sono é um fator que prejudica a saúde e pode contribuir para o desenvolvimento de doenças. Mas e quando uma pessoa dorme horas suficientes, mas em horários completamente inversos ao ritmo natural de dia e noite? De acordo com um novo estudo publicado na revista Journal of Hepatology, a mudança do ciclo circadiano é um potencial carcinógeno humano – ou seja, pode causar câncer. E um tipo específico: o câncer de fígado.

whatsapp invite banner

Em geral, as pessoas mais afetadas por essa mudança no ritmo são aquelas que trabalham em turnos noturnos por um longo período de tempo ou viajam regularmente por vários fusos horários, vivendo no famoso jet lag.

Dessa forma, elas alteram constantemente o ciclo circadiano, o cronômetro interno de 24 horas em nosso cérebro que regula os períodos de alerta e sonolência do organismo.

Entenda a pesquisa

Para o estudo, o pesquisador Karl Dimiter Bissig, da Universidade Duke, desenvolveu um modelo de rato de laboratório humanizado. Ele consiste em um camundongo com células hepáticas humanas aplicadas em seu próprio fígado.

Dessa forma, os cientistas poderiam estudar o efeito da interrupção do ritmo circadiano no desenvolvimento do câncer tanto em animais quanto em pessoas.

Na segunda etapa da pesquisa, os pesquisadores dividiram os ratos em dois grupos. O primeiro grupo foi mantido em sincronia com o ciclo natural de dia e noite. Já o segundo foi exposto a períodos de luz e escuridão invertidos.

De acordo com os autores, os ratos do segundo grupo viveram o equivalente às mudanças que uma pessoa experimenta ao voar de San Francisco para Londres todas as semanas durante muitas semanas.

Como resultado, os ratos de laboratório expostos ao ciclo circadiano bagunçado tiveram mais probabilidade de desenvolver câncer – tanto nas células hepáticas animais quanto nas humanas. 

Além disso, os cientistas também constataram que a alteração constante do sono tinha ligação com o aumento de incidência de cirrose e icterícia. Esta última condição torna a pele e o branco dos olhos amarelados.

Do laboratório aos humanos

Ao comparar análises de sangue e amostras microscópicas dos fígados dos camundongos e de pessoas que possuem câncer hepático, os pesquisadores perceberam que grande parte das mudanças causadas pela alteração do ciclo circadiano era comum em animais e humanos.

Por exemplo, em ambos os casos há aumento da intolerância à glicose, acumulação anormal de gordura no fígado, inflamação e fibrose.

Contudo, o estudo também pontuou outro aspecto importante. Uma vez que os tumores se desenvolvem espontaneamente em resposta à interrupção circadiana crônica, o retorno dos ratos a um ciclo circadiano normal retardou o desenvolvimento do câncer e preveniu metástases.

Dessa forma, os pesquisadores acreditam que a pesquisa pode ajudar a desenvolver tratamentos mais eficientes para p câncer de fígado em específico.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

fique por dentro
das novidades giz Inscreva-se agora para receber em primeira mão todas as notícias sobre tecnologia, ciência e cultura, reviews e comparativos exclusivos de produtos, além de descontos imperdíveis em ofertas exclusivas