Cofundador da Uber, Travis Kalanick vende suas ações e deixa conselho da empresa

Travis Kalanick foi o responsável pelo crescimento global vertiginoso da Uber e também por boa parte das polêmicas da companhia.
Travis Kalanick, co-fundador da Uber
Getty Images

O ex-CEO e cofundador da Uber Travis Kalanick, o homem por trás do crescimento meteórico global da empresa, apesar de seu modelo de negócios altamente especulativo que nunca teve lucro, está deixando o conselho de administração da empresa, informou a Uber, em um comunicado nesta terça-feira (24). Ele também vendeu todas as suas ações restantes na empresa.

A renúncia de Kalanick do conselho entrará em vigor a partir de 31 de dezembro de 2019. Em comunicado, o atual CEO Dara Khosrowshahi — que foi contratado em grande parte para limpar a interminável série de bagunças e escândalos de Kalanick — escreveu: “Poucos empresários construíram algo tão profundo quanto Travis Kalanick fez com a Uber. Sou imensamente grato pela visão e tenacidade de Travis ao criar a Uber e por sua experiência como membro do conselho”.

“Todas na Uber desejam tudo de bom a ele”, acrescentou Khosrowshahi.

De acordo com a CNBC, os últimos registros públicos da Uber atrelaram sua participação na empresa em torno de US$ 2,5 bilhões, embora ele esteja despejando ações desde que um período de bloqueio expirou em novembro. Kalanick se voltará para “novos negócios e empreendimentos filantrópicos”, de acordo com a declaração da Uber.

O rompimento dos vínculos finais de Kalanick com a Uber ocorre quando a empresa que ele construiu enfrenta ameaças existenciais de órgãos reguladores, concorrentes e a contínua incapacidade de seu próprio modelo de negócios de parar de queimar bilhões obtidos por meio de investidores. A oferta pública inicial (ou IPO) da empresa em 2019 teve o pior desempenho na história do mercado de ações dos EUA, enquanto as ações continuam a cair.

Sob o mandato de Kalanick, a Uber sofreu inúmeros escândalos, incluindo disputas trabalhistas com frotas de prestadores de serviço mal remunerados que alimentam os principais negócios de transporte e entrega da Uber, manuseio sistemático de relatórios de assédio sexual em local de trabalho, ataques a clientes e desrespeito flagrante às leis locais e regulamentações. O próprio Kalanick foi filmado gritando com um motorista da Uber no início de 2017, resultando em muita vergonha.

Mesmo depois de ter sido forçado a deixar o cargo de CEO em junho de 2017, Kalanick teria permanecido uma grande dor de cabeça para a administração e o conselho da empresa por meses, com uma percepção generalizada de que ele estava tramando um retorno ao poder.

O conselho acabou votando para tirá-lo da maior parte de seu controle restante; desde então, Kalanick tornou-se um cara de um fundo de investimento e passou a apostar na startup “CloudKitchen” (um serviço de aluguel de cozinhas) e nem sequer foi convidado a tocar a campainha na abertura de capital da Uber no início deste ano.

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