Apps burlam limitações do WhatsApp em meio a eleições na Índia

O WhatsApp já se provou uma ferramenta poderosa: influenciou eleições e espalhou boatos que chegaram a causar mortes e linchamentos. Depois da repercussão negativa com o encaminhamento de mensagens, os desenvolvedores tentaram limitar o potencial de alcance do app. Porém, grupos criaram ferramentas para burlar essas restrições. As ferramentas estão sendo utilizadas pelos dois partidos […]
Montagem com um alvo e um dardo no centro do logo do WhatsApp
Imagem: Alessandro Feitosa Jr/Gizmodo Brasil

O WhatsApp já se provou uma ferramenta poderosa: influenciou eleições e espalhou boatos que chegaram a causar mortes e linchamentos. Depois da repercussão negativa com o encaminhamento de mensagens, os desenvolvedores tentaram limitar o potencial de alcance do app. Porém, grupos criaram ferramentas para burlar essas restrições.

As ferramentas estão sendo utilizadas pelos dois partidos que disputam as eleições gerais da Índia – país com maior número de usuários do WhatsApp, com 200 milhões de contas.

Uma investigação da Reuters descobriu três formas de superar as regras impostas pelo aplicativo no encaminhamento de mensagens: aplicativos clonados, automatização de envio via WhatsApp web e envio em massa de conteúdos a partir de números anônimos.

De acordo com a reportagem, pelo menos três softwares do tipo estão disponíveis na versão indiana da Amazon.com. Um repórter adquiriu uma das soluções, que veio em discos dentro de uma caixa de papelão, sem marcas de quem o desenvolveu.

Entre as opções estão os clones “GBWhatsApp” e “JTWhatsApp”, apps para Android que não são disponibilizados na Play Store, mas que podem ser encontrados para download gratuito em blogs.

O WhatsApp explica que números que utilizam essas soluções podem ser banidos de sua plataforma, mas esse não é um problema para os partidos que espalham spam. Um membro de um dos partidos indianos disse à Reuters que “de vez em quando o WhatsApp bane alguns desses números, mas voluntários utilizam um novo chip para se cadastrarem”.

Um funcionário de estratégia de mídias sociais que utiliza o app JTWhatsApp disse que consegue encaminhar mensagens facilmente para até seis mil pessoas por dia, além de conseguir enviar vídeos maiores do que os permitidos pelo app oficial.

Uma empresa de marketing digital em Nova Déli cobra 150 mil rúpias (cerca de R$ 8.500) para criar conteúdo digital e enviar 300 mil mensagens para uma base de dados com diversos números de telefone. Para isso, é utilizado um software chamado “Business Sender”, vendido por mil rúpias (cerca de R$ 60).

Esse software tem uma funcionalidade de “Coleta de Contatos de Grupos” para extrair os números de um determinado grupo. Para mandar as mensagens, basta escrever o conteúdo e apertar um botão, enquanto um bot opera uma versão web do WhatsApp enviando o conteúdo de contato em contato.

Em abril, um repórter da Reuters recebeu uma mensagem que oferecia serviços de encaminhamentos em massa via WhatsApp com uma oferta especial para as eleições. A companhia oferecia 100 mil mensagens por 8 mil rúpias (R$ 450). Em uma demonstração, um site protegido por senha disparava mensagens em massa.

A investigação aponta que a Índia não foi o laboratório para a experimentação dessas soluções, que eram divulgadas em vídeos e fóruns direcionados para usuários da Indonésia e Nigéria, que tiveram eleições neste ano.

No Brasil, durante as eleições de 2018, ferramentas de disparo em massa foram utilizadas por diversos partidos, e a prática envolvia fraude de CPFs – a Folha de S. Paulo aponta que empresas teriam pagado até R$ 12 milhões pelo serviço. O WhatsApp só limitou o encaminhamento de mensagens para até cinco contatos por vez depois do pleito.

[Reuters]

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