Mais de 2.000 pessoas morreram do atual surto do novo coronavírus que causa a doença batizada de COVID-19, de acordo com os dos últimos relatórios da Comissão Nacional de Saúde da China.
A contagem oficial de infectados já passou de 75.100, a maioria deles no epicentro do surto na China continental. De acordo com o New York Times, o surgimento de novos casos confirmados tem diminuído pouco a pouco desde 12 de fevereiro, com a contagem de novos infectados caindo abaixo das 2.000 pessoas. Nesta terça-feira (18), foram registrados 1.886 casos e na quarta-feira (19) foram 1.749 – a última vez que os números abaixaram assim foi em 30 de janeiro.
Autoridades chinesas e oficiais de saúde em todo o mundo têm demonstrado otimismo cauteloso de que as medidas cada vez mais duras impostas na China para deter a propagação do COVID-19 (com quase metade da população enfrentando algumas restrições de circulação) podem estar começando a funcionar.
O embaixador da China na União Europeia disse no início desta semana que o país espera que o impacto global seja “limitado, de curto prazo e controlável”, de acordo com a Reuters. O presidente Xi Jinping procurou minimizar as preocupações de que o vírus abalará ainda mais a economia chinesa, com a mídia estatal relatando que ele garantiu ao primeiro-ministro britânico Boris Johnson que “progresso visível” está sendo feito.
Autoridades da Organização Mundial da Saúde disseram que os bloqueios retardaram a propagação do vírus a partir do seu epicentro em Wuhan, na província de Hubei, por dois a três dias e da China para o resto do mundo por duas a três semanas, de acordo com o NYT.
O diretor da Organização Mundial da Saúde, Dr. Michael Ryan, disse ao NYT que “neste momento, a abordagem estratégica e tática na China é a correta. Você pode discutir se essas medidas são excessivas ou restritivas para as pessoas, mas há muita coisa em jogo aqui em termos de saúde pública – não apenas a saúde pública da China, mas de todas as pessoas no mundo.”
No entanto, o chefe de virologia da Universidade de Hong Kong, Malik Peiris, disse ao NYT que é muito cedo para saber se o vírus está desacelerando: “Pode não ser sensato para qualquer pessoa na China, ou fora da China, ser complacente e achar que as coisas já estão sob controle nesse momento.”
Acredita-se que a taxa de fatalidade de casos do COVID-19 entre os infectados identificados seja atualmente de cerca de 2,5%. O número é inferior a alguns outros vírus novos e que chamam a atenção, como a SARS (taxa de cerca de 10%).
A maioria dos casos (80%, de acordo com um estudo do Centro Chinês para o Controle e Prevenção de Doenças) apresenta sintomas menores. Muitos fatores sobre o vírus, como a sua transmissibilidade e quanto tempo ele pode sobreviver em superfícies, permanecem desconhecidos, e é possível que existam muitos casos não relatados. É provável que uma vacina seja criada daqui pelo menos 12 a 18 meses.
Cerca de 613 casos do vírus já foram identificados no Japão, de acordo com a CNN, mas 545 deles estavam no cruzeiro Diamond Princess, atracado em Yokohama. Além das 68 infecções em terra firme no Japão, houve 81 infecções identificadas em Cingapura e 62 em Hong Kong, de acordo com a CNN. Em toda a Europa, o número de casos confirmados é de 42. No Brasil, não há casos confirmados e o Ministério da Saúde monitora 5 suspeitas – 45 já foram descartados.
O imunologista dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, Dr. Anthony Fauci, disse à CNBC na terça-feira que a desaceleração ainda não foi confirmada. Fauci disse que “precisamos dar mais alguns dias para determinar se isso é real ou se essa é a variabilidade que se vê geralmente.”
“O grau com que eles limitaram as viagens através das grandes cidades, abrangendo cerca de 50 milhões de pessoas, incluindo toda a cidade de 11 milhões de pessoas de Wuhan […] é realmente sem precedentes”, acrescentou Fauci. “[…] Pode realmente funcionar, por mais incomum que seja uma manobra para parar um surto.”
De acordo com o NYT, estima-se que 150 milhões de pessoas na China estão confinadas em suas casas, com um total de 760 milhões morando em áreas que enfrentam algum tipo de restrição. A fiscalização vai desde um distrito de Xi’an onde os moradores só podem sair a cada dois ou três dias, durante duas horas, até à identificação e verificação da temperatura nas comunidades residenciais.