Mídia chinesa declara morte de diretor de hospital por coronavírus, depois diz que ele está vivo e, por fim, morto

Confusão foi parecida com a do médico que revelou a existência do coronavírus: foi noticiada a morte, depois que estava vivo e, por fim, morto.
Médicos trabalhando em área isolada do Hospital da Cruz Vermelha em Wuhan
Foto tirada em 16 de fevereiro de 2020 mostra médicos trabalhando em área isolada do Hospital da Cruz Vermelha em Wuhan na província de Hubei (China). Crédito: Getty Images

Liu Zhiming, 51, diretor do hospital Wuchang em Wuhan na China, morreu às 10h54 no horário local na manhã desta terça-feira (18) após ter sido infectado pelo coronavírus, segundo a Comissão de Saúde de Wuhan.

Vários veículos estatais de imprensa, como o People’s Daily e Global Times, reportaram a morte de Liu na segunda-feira (17), mas criaram uma confusão após terem apagado a notícia durante a noite de segunda-feira. Uma autoridade da área de saúde de Wuhan insistia nas redes sociais que Liu ainda estava vivo.

Pelo menos 1.716 trabalhadores de saúde foram infectados pelo coronavírus, que causa uma doença chamada COVID-19. O vírus já matou 1.873 pessoas e infectou pelo menos 73.325 mundialmente, com cerca de 1.900 casos anunciados hoje. Pelo menos 7 profissionais de saúde já morreram na China, incluindo Liu, que é o primeiro diretor de hospital a sucumbir à doença.

A mídia estatal chinesa reportou que Liu tinha morrido na segunda-feira, antes que um oficial de saúde de Wuhan ter dito no Weibo, uma rede social chinesa, que o diretor do hospital “ainda estava sendo ressuscitado”. Os meios de comunicação da China excluíram rapidamente as notícias e os tuítes, sugerindo que ele ainda pode estar vivo. Mas a TV estatal CCTV confirmou que Liu morreu na manhã de terça-feira após o anúncio da Comissão de Saúde de Wuhan.

As instalações médicas de Liu são um dos sete hospitais de Wuhan designados para tratar pacientes com COVID-19. Wuhan, uma cidade de 11 milhões de pessoas que fica na província de Hubei, ainda é onde a grande maioria dos casos confirmados de coronavírus está sendo tratada, e uma nova análise sugere que o vírus é aproximadamente 10 vezes mais mortal que a gripe.

A confusão sobre a morte de Liu é parecida com relatos da China sobre Li Wenliang, um médico de 34 anos de Wuhan que morreu em 7 de fevereiro.

A morte de Li foi reportada em redes sociais chinesas e levou ao luto e indignação pública pelo seu tratamento por parte de autoridades chinesas. Li havia sido acusado de espalhar boatos infundados e pânico quando o coronavírus surgiu em dezembro de 2019, mas tornou-se um herói nacional na China por sua bravura. Pouco depois da notícia da morte de Li, outras notícias da mídia estatal chinesa revelaram que ele ainda estava vivo. Por fim, Li foi declarado morto novamente por pneumonia relacionada ao coronavírus, de acordo com a mídia estatal.

Estado do COVID-19 pelo mundo

Cerca de 150 milhões de pessoas estão atualmente em rigoroso isolamento na China, num esforço das autoridades sanitárias para controlar a propagação do vírus, e estima-se que 760 milhões estejam sob alguma forma de regulamentação que restringe seus movimentos, de acordo como New York Times. Fora da China, há um otimismo cauteloso de que o vírus pode ser contido. Mas também há muitos sinais de que ele tem o potencial de espalhar por todas as partes.

No continente americano, apenas os Estados Unidos e o Canadá contam com infectados. No Brasil, só há casos suspeitos e, até agora, nenhum confirmado.

O Ministério da Saúde do Japão informou nesta terça-feira mais 88 casos de COVID-19 no navio do cruzeiro Diamond Princess, atualmente atracado em Yokohama, Japão, elevando o total de infectados do navio para 542. Dos 88 novos casos, 65 não tinham sintomas, um sinal preocupante para aqueles que desejam impedir que a doença se torne uma pandemia global.

Também na Ásia, o navio de cruzeiro Westerdam foi negado a entrar em cinco países na semana passada, após ter sido descoberto que um passageiro que havia descido em Hong Kong tinha testado positivo para COVID-19. O navio foi finalmente autorizado a atracar no Camboja, onde o primeiro-ministro Hun Sen cumprimentou as pessoas ao desembarcarem em 14 de fevereiro. Mas agora um americano que estava no navio e foi para a Malásia teve a presença do vírus confirmada por exames.

Todos os 1.455 passageiros da Westerdam estão agora indo para seus países de origem. A Holland America Line, de propriedade da Carnival Cruise Corp, forneceu o seguinte levantamento de tripulantes do navio via e-mail:

  • EUA: 650
  • Canadá: 271
  • Reino Unido: 127
  • Holanda: 91
  • Austrália: 79
  • Alemanha: 79
  • Hong Kong: 29
  • Outros: 151

A companhia de cruzeiro recusou-se a especificar a nacionalidade dos outros 151 passageiros. Mas se o Diamond Princess servir de parâmetro, é possível que alguns dos 1.455 passageiros de Westerdam tenham contraído o coronavírus, mas ainda não saibam. Só o tempo dirá.

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