Rins, cérebro e pele: novo estudo destaca danos de COVID-19 além dos pulmões

Baseado em casos registrados em Nova York, estudo mostra as outras condições que o novo coronavírus causa em pessoas infectadas.
Trabalhadores da saúde em hospital em Richmond, Texas. Crédito: Mark Felix/AFP (Getty Images)
Trabalhadores da saúde em hospital em Richmond, Texas. Crédito: Mark Felix/AFP (Getty Images)

Uma pesquisa recente fornece uma noção melhor dos sérios problemas que o novo coronavírus pode causar em todo o corpo, não apenas nos pulmões. O trabalho destaca complicações cardíacas, renais, neurológicas, entre outras. Essa longa lista de sintomas pode resultar de danos diretos causados pelo vírus, bem como de um sistema imunológico disfuncional, descontrolado pela infecção.

O coronavírus que causa COVID-19 geralmente é disseminado pela inalação (mais raramente pelo toque no nariz, boca ou olhos após manusear uma superfície contaminada). A partir daí, o vírus tende a infectar o trato respiratório superior, geralmente causando sintomas que se assemelham a um resfriado ou gripe típico, especialmente em pessoas com doenças leves. Em pessoas que desenvolvem doenças mais graves, o vírus tende a migrar para os pulmões e para o trato respiratório inferior, causando pneumonia e problemas respiratórios.

Muitos que morrem de COVID-19 frequentemente experimentam uma condição chamada síndrome do desconforto respiratório agudo, na qual os pulmões se enchem de líquido e essencialmente afogam a pessoa.

Mas casos ainda mais leves às vezes podem causar problemas que se estendem além dos pulmões. O artigo publicado na Nature Medicine no início deste mês, é uma revisão do que sabemos até agora sobre esses sintomas “extrapulmonares” associados ao COVID-19. É baseados em estudos de caso, pesquisas e nas próprias experiências dos médicos no Centro Médico Irving da Universidade de Columbia, na cidade de Nova York, durante o auge da epidemia na cidade (sabe-se que mais de 22 mil residentes de Nova York morreram de COVID-19 no total, com a maioria das mortes registradas em abril e maio).

Algumas pessoas com COVID-19 desenvolveram problemas de circulação sanguínea e de coagulação durante a doença, observa o artigo, levando a um risco aumentado de ataque cardíaco, derrame e outras condições cardiovasculares. Houve relatos de casos novos de diabetes em alguns pacientes, nos quais o açúcar no sangue subiu para níveis perigosos ao ponto de precisarem de tratamento médico imediato. Algumas pessoas também desenvolveram problemas neurológicos, incluindo delírio e alucinações. Outros ainda desenvolveram problemas nos rins/e ou fígado, incluindo insuficiência renal.

O COVID-19 também tem sido associado a sintomas gastrointestinais e condições da pele, incluindo lesões proeminentes e descoloração dos dedos dos pés.

“Além das complicações pulmonares com risco de vida do SARS-CoV-2, as manifestações generalizadas de COVID-19 específicas de órgãos estão sendo cada vez mais sendo analisadas”, escrevem os autores do estudo.

O coronavírus infecta nossas células por meio de uma proteína chamada ACES2. Como muitas células do nosso corpo e vários órgãos possuem receptores ACES2, é possível que alguns sintomas sejam causados pelo vírus que se espalha para as áreas afetadas. Mas os cientistas também estão especulando que muitos dos danos observados com o COVID-19 se devem à resposta destrutiva do sistema imunológico à infecção. Isso provavelmente ajuda a explicar por que algumas pessoas continuam relatando sintomas persistentes, mesmo meses após a infecção inicial parecer ter resolvido.

Entender como exatamente o COVID-19 nos deixa doentes é crucial para o desenvolvimento de novos tratamentos e para melhor ajudar os sobreviventes. Uma droga que se mostra promissora para salvar pessoas em estado crítico, por exemplo, é um esteroide de longa duração chamado dexametasona que impede uma ação mais forte do sistema imunológico (acredite, neste contexto ele é bem útil). Mas é provável que a a gente precise de diferentes tipos de drogas para prevenir casos de se tornarem sérios num primeiro momento, já que o sistema imunológico ainda é importante para limpar a infecção.

Uma coisa é clara: os efeitos de longo termo da pandemia na saúde global, que vai além das mortes, serão substanciais.

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