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Evento na Holanda serve almôndega de mamute feita com DNA do animal extinto

Animal foi extinto há pelo menos 10 mil anos. Até agora, nenhum ser humano provou a carne, que ainda precisa ser aprovada por órgãos de saúde

Evento na Holanda serve almôndega de mamute feita com DNA do animal extinto

Imagem: Vow/Divulgação

Gosta de carnes exóticas? Que tal uma almôndega feita de mamute lanoso, animal extinto há pelo menos 10 mil anos? A anúncio da iguaria aconteceu aconteceu no Nemo, Museu de Ciência da Holanda, na última terça-feira (28).

A proteína foi fabricada pela Vow, empresa australiana que cultiva carne em laboratório. Na prática, uma equipe de cientistas pegou uma sequência de DNA da mioglobina de um mamute, a proteína muscular que dá sabor à carne. 

Em seguida, o grupo preencheu as lacunas com o DNA do animal e colocou a sequência em células-tronco de ovelha, que se replicaram até surgir a carne de mamute. Cada almôndega precisa de mais de 20 bilhões de células para ganhar corpo e formato. 

Exibição da almôndega de mamute lanoso exibida pela primeira vez no Nemo, Museu de Ciências da Holanda, em 28 de março de 2023. Imagem: Vow/Divulgação

“Temos um problema de mudança de comportamento quando se trata de consumo de carne”, disse George Peppou, CEO da Vow. “O objetivo é fazer com que alguns bilhões de comedores de carne deixem de comer proteína animal [convencional] para comer coisas que podem ser produzidas em laboratório”, disse, ao jornal The Guardian

“Acreditamos que a melhor maneira de fazer isso é inventar a carne. Procuramos células fáceis de cultivar, realmente saborosas e nutritivas, e depois misturamos e combinamos essas células para criar uma carne realmente saborosa”, completou. 

Por que o mamute lanoso 

A escolha do mamute lanoso se deu porque o mamífero é símbolo das perdas de biodiversidade por causa da ação do homem e das mudanças climáticas. 

Acredita-se que o animal foi extinto pela caça humana e aquecimento do mundo depois da última era glacial. Mas, além dele, a Vow já investiga o potencial de transformar o DNA de mais de 50 espécies em carne cultivada. Entre eles estão a alpaca, búfalo, crocodilo, canguru, pavão e diversos tipos de peixes. 

Segundo os produtores, cultivar carne em laboratório usa muito menos água e terra do que a criação de gado. Além disso, não produz emissões de metano, um gás poluente proveniente dos bovinos. 

A empresa australiana afirma que toda a energia usada nos laboratórios vem de fontes renováveis. Até agora, a companhia reuniu US$ 288 milhões em investimentos. 

Cientista durante a preparação da almôndega de mamute lanoso, pela empresa australiana Vow. Imagem: Vow/Divulgação

Já está à venda? 

Até agora, ninguém provou a carne cultivada de mamute. Cingapura foi o primeiro país a aprovar a modalidade para venda comercial, ainda em 2020. Isso porque a produção ainda está em fase de testes — e, como nenhum ser humano come essa carne há milhares de anos, não há como saber de que forma o sistema imunológico reagirá à proteína. 

Alguns estabelecimentos de Cingapura já vendem carne cultivada de codorna japonesa, mas há pouco acesso ao público geral. A expectativa é que restaurantes comecem a oferecer pratos com o mantimento criado artificialmente ainda neste ano.

Enquanto isso, duas empresas buscam o processo de aprovação na FDA, a Anvisa dos EUA. “Infelizmente, a legislação da maior parte do mundo não permite que produtos cárneos cultivados sejam vendidos em supermercados ou restaurantes”, diz a Vow, em seu site.

“Ao fazer a almôndega de mamute, esperamos mudar isso, mostrando as infinitas possibilidades da carne cultivada e o quão avançada é essa tecnologia”. E você, provaria?

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