Em visita ao Brasil, secretário dos EUA critica China e faz alerta sobre 5G; embaixador chinês rebate declarações

O secretário de comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, disse, na sexta (2), ao jornal Valor Econômico que o país ofereceu informações reservadas a autoridades brasileiras sobre os riscos do 5G e que as empresas chinesas são obrigadas a cooperar com serviços militares e de inteligência. O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, rebateu […]
Antena de rede de internet móvel
Imagem: Getty

O secretário de comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, disse, na sexta (2), ao jornal Valor Econômico que o país ofereceu informações reservadas a autoridades brasileiras sobre os riscos do 5G e que as empresas chinesas são obrigadas a cooperar com serviços militares e de inteligência. O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, rebateu as acusações em uma nota divulgada no sábado (3), chamando as declarações de “desfundamentadas e inventadas”.

Na entrevista de sexta, Ross diz que os EUA ofereceram “compartilhamento de informações reservadas, de informações sensíveis, com pessoas relevantes aqui”. Ele também disse que a tecnologia 5G é mais vulnerável por causa da interconectividade das coisas, e que danos causados por um hipotético ataque seriam mais graves pois afetariam também a Internet das Coisas e a inteligência artificial.

Apesar disso, o secretário acrescentou que os EUA não estão em posição de dizer o que um país soberano como o Brasil deve fazer. Mesmo assim, em uma resposta anterior, ele ressalta que “existe uma lei na China que obriga empresas privadas a cooperar com os serviços militares e de inteligência, mantendo em segredo o nível de cooperação”.

A resposta veio no dia seguinte. Em nota considerada dura pelo Valor, Yang Wanming, embaixador chinês no Brasil, disse que Ross “fez comentários absurdos de que o governo chinês obriga empresas privadas a cooperar com os serviços militares e de inteligência, e a tecnologia de 5G da China ameaça a segurança de outros países”. Wanming alega que a China orienta suas empresas a seguirem as legislações locais.

O embaixador também criticou a postura dos EUA. Segundo ele, autoridades do país promovem calúnias contra o país asiático e suas empresas para interferir em atividades econômicas.

Ross não foi específico com relação a quando aconteceu esse compartilhamento de informações ou com quem ele teria sido feito. Vale lembrar que, em junho, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), contou que Donald Trump, presidente dos EUA, citou a questão da Huawei no encontro que teve com Jair Bolsonaro, presidente do Brasil.

Apesar das alegações de Wilbur Ross de que não cabe aos EUA interferir nas decisões soberanas de outros países, notícias dão conta de que os americanos pressionaram a Alemanha a não comprar equipamentos de 5G da Huawei. Os Estados Unidos ameaçaram não fornecer mais informações confidenciais de inteligência caso o país europeu não obedecesse a recomendação. Além disso, Reino Unido, Austrália, Polônia, União Europeia, Filipinas e vários outros países também sofreram esse tipo de influência, segundo a CNN.

EUA e China estão em guerra comercial há mais de um ano. Além de tarifas impostas a produtos exportados pelo país, o 5G e a participação da Huawei, mais especificamente, na infraestrutura das novas redes, estão no meio da disputa.

A empresa está sendo processada nos Estados Unidos por fraude, obstrução de justiça e roubo de segredos comerciais. Ela também foi incluída na chamada lista de entidades do Departamento de Indústria e Segurança dos EUA, o que, na prática, proíbe sua atuação no país e seus negócios com empresas americanas. Sua diretora financeira, Meng Wanzhou, chegou a ser presa no Canadá a mando dos EUA e aguarda um processo de extradição.

Nos últimos capítulos da guerra comercial, Trump anunciou tarifas de 10% sobre US$ 300 bilhões em produtos chineses. A China respondeu com a suspensão da compra de produtos agrícolas dos EUA e a desvalorização de sua própria moeda, o yuan.

[Valor 1, 2]

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