Shein não protege dados dos usuários, diz governo dos EUA
Um relatório da Comissão de Revisão Econômica e de Segurança EUA-China, publicado na sexta-feira (14), afirma que a Shein representa “risco para os dados dos clientes” norte-americanos.
O documento inclui a plataforma de e-commerce chinês Temu entre os principais apps de comércio eletrônico que “não protegem adequadamente os dados dos usuários” e infringem a propriedade intelectual.
A comissão emite críticas específicas à Shein. Assim como no Brasil, a empresa é sucesso de vendas nos EUA. Depois dos brasileiros, os consumidores norte-americanos são os que mais fizeram downloads do aplicativo, com 27 milhões de novos usuários só em 2022.
Segundo o relatório, a Shein pede que os usuários compartilhem seus dados e atividades em outros aplicativos, incluindo redes sociais. Em troca, oferece “descontos e ofertas especiais em produtos”.
Em 2022, a controladora do app Zoetop foi multada em US$ 1,9 milhão pelo estado de Nova York por não proteger os dados do cartão de crédito e dados pessoais dos usuários.
Acusação de trabalho forçado
A comissão também acusa a plataforma de não oferecer provas de que as roupas vendidas no app não são resultado de trabalho forçado da província de Xinjiang. Essa é uma obrigação às empresas que atuam nos EUA desde 2021, quando o país sancionou a Lei Uigur de Prevenção ao Trabalho Forçado.
A regra se refere às suspeitas de que Pequim prende a população uigur, uma minoria étnica muçulmana, em campos de trabalho forçado.
Como Xinjiang é rica em algodão, é comum que muitas empresas de vestuário – incluindo marcas como H&M, Zara, Adidas e Nike – produzam peças ou comprem a matéria-prima de lá. O governo chinês nega as acusações.
Em resposta, a Shein diz que nunca quebrou nenhuma lei dos EUA ou de outros países onde atua. “Levamos a sério a visibilidade em toda a nossa cadeia de suprimentos”, disse um representante da empresa. “A empresa tem se comportado legalmente com total respeito pelas comunidades [que] atende por mais de uma década”.
Escrutínio envolve disputas entre EUA e China
Sobre a plataforma Temu, o relatório diz que as práticas de negócios levantam “bandeiras vermelhas” entre a comissão. O motivo: a falta de afiliação do e-commerce com marcas estabelecidas trouxe preocupações com a qualidade dos produtos. Também há risco de violações de direitos autorais, diz o documento.
Washington apertou o monitoramento sobre empresas chinesas desde o governo de Donald Trump, que assumiu uma postura mais dura na disputa comercial com a China.
Desde então, os EUA baniram a empresa ZTE e iniciaram uma campanha com aliados para retirar a Huawei do desenvolvimento da infraestrutura global de 5G. Em todos os casos, o governo dos EUA acusa Pequim de usar a tecnologia para “espionagem”.
Além da Shein, o caso mais recente de “vigilância” sobre plataformas chinesas nos EUA foram as tratativas para proibir o TikTok no país, ainda sem desfecho.
Enquanto isso, o Brasil também questiona a atuação do e-commerce chinês, mas por outros motivos. Após pressão de empresários e varejistas, o governo prevê o fim da isenção de taxas de pessoas físicas sobre encomendas que chegam ao país de até US$ 50. Há suspeitas de que empresas chinesas estariam se beneficiando da regra para sonegar impostos. Explicamos tudo aqui.