Sete dias após o anúncio da compra do Twitter pelo bilionário Elon Musk, o futuro da rede social ainda permanece um grande mistério. O controverso bilionário promete novos rumos — o que, convenhamos, só ajuda a levantar mais dúvidas do que certezas.
Aqui, fizemos um balanço sobre a primeira semana da rede social sob nova direção.
Fechamento da venda do Twitter
A primeira coisa a saber é que a compra do Twitter ainda não foi totalmente concluída. O anúncio da última semana foi apenas o início de um longo processo que pode demorar meses para ser finalizado.
Muito além do “simples” desembolso de US$ 44 bilhões, a oferta de aquisição ainda depende da aprovação dos atuais acionistas do Twitter — que deverá ser decidida através de votação.
Vale lembrar que, antes do anúncio do negócio, Musk já tinha sido acusado de fraude durante a compra de 9,1% das ações do Twitter. Acionistas pedem na Justiça reparação por danos financeiros pela demora na divulgação da aquisição.
Além disso, o negócio passará pelo escrutínio de órgãos reguladores dos Estados Unidos. Porém, é pouco provável que ele seja barrado, visto que não existe uma ameaça potencial à concorrência do mercado.
Riscos à Tesla
Durante o acordo com o Twitter, Musk usou ações da Tesla como parte da garantia de um empréstimo bancário de US$ 12 bilhões para a compra da rede social. Como destacou o UOL, o bilionário sul-africano também vendeu cerca de US$ 4 bilhões de suas ações na empresa de carros elétricos para ajudar a pagar o negócio do Twitter.
Entretanto, desde o início do mês passado, as ações da Tesla despencaram mais de 20%. Isso indica que os investidores estão preocupados com essa nova aquisição de Musk. Inclusive, o empresário é apelidado de o “CEO mais endividado”, já que um terço de sua fortuna já está comprometida em dívidas em ações, bem como em outros empréstimos.
Liberdade de expressão
Elon Musk já deixou claro que a prioridade dele é tornar o Twitter uma rede social “neutra”, em que o foco será a liberdade de expressão. Segundo a AP News, o bilionário já reconheceu que esse novo caminho do Twitter pode irritar a esquerda política e agradar, principalmente, a direita.
Entretanto, essa nova política de liberdade pode ser extremamente difícil ser colocada em prática, principalmente em um ambiente online que já é tomado por discursos de ódio, disseminação de fake news e assédio a ativistas.
Além disso, por ser uma plataforma global, uma nova política de uso na rede social também deverá estar alinhada com legislações de vários países, principalmente na União Europa.
Conforme apontou o TechCrunch, caso o Twitter deixe de implementar avaliações de risco relacionados à divulgação de conteúdos considerados ilegais na Europa, a rede social corre o risco de ser multada ou mesmo banida do bloco de países. No Reino Unido, por exemplo, um projeto de lei prevê que executivos de redes sociais possam ser presos caso não sejam cumpridos determinados procedimentos regulatórios.
Êxodo dos mais jovens
Como destacamos aqui no Gizmodo, o Twitter enfrentou uma onda ativação e desativação de contas em massa nos últimos dias. Segundo a rede social, esse movimento foi orgânico, sendo resultado do aumento acima da média na criação e desativação de contas na plataforma.
Contudo, o site Axios lembrou que as mudanças propostas para o Twitter podem impulsionar um êxodo dos mais jovens da plataforma. Uma pesquisa mostrou que quase 6 em cada 10 universitários não querem que Musk controle o Twitter. A pesquisa ressaltou que eles não compartilham a visão de Musk de que a cultura atual da rede social inibe a liberdade de expressão.
Este não é um dado muito animador, uma vez que o sucesso de uma plataforma depende em grande parte do acesso de usuários mais jovens. Redes como MySpace, AOL e, mais recentemente, o Facebook, perderam a relevância porque não conseguiram manter os mais jovens conectados. Já o Instagram, YouTube e, é claro, o Twitter, ainda lutam para manter essa base, que tem migrado principalmente para o TikTok.
Mudanças previstas no Twitter
Uma das promessas de Musk é adicionar um botão “editar” no Twitter, o que permite que postagens sejam alteradas ou corrigidas. Para alguns, a medida pode estimular a desinformação, permitindo que pessoas mudem maliciosamente o significado de seus tweets. Porém, o magnata já disse que “está aberto a ideias”.
Ele também pretende expandir o negócio de assinaturas do Twitter, para eliminar a disseminação de anúncios de spam; lutar contra os bots e contas falsas; assim como ser mais transparente quanto aos algoritmos utilizados na priorização de conteúdos.
Quanto ao CEO, ainda não se sabe se o atual Parag Agrawal será mantido no Twitter. Dois dias depois do anúncio da venda da empresa, Agrawal afirmou na rede social que está orgulhoso da equipe da empresa por continuar “fazendo o trabalho com foco e urgência apesar do barulho”.
I took this job to change Twitter for the better, course correct where we need to, and strengthen the service. Proud of our people who continue to do the work with focus and urgency despite the noise.
— Parag Agrawal (@paraga) April 27, 2022