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Vídeo: avião que voa sem cauda é resposta militar da China ao tarifaço

Avião que voa sem cauda é uma resposta ao tarifaço do presidente norte-americano Donald Trump e marca um novo capítulo da Guerra Fria 2.0
Imagem: YouTube/Reprodução

Novas imagens que circulam em redes sociais da China podem ter revelado um avião militar sem cauda, “stealth” (furtivo) e trijet, ou seja: com três motores a jato.

Após perfis publicarem vídeos da aeronave, surgiram rumores de que o avião é o J-36, um caça de sexta geração que está sendo desenvolvido pela Chengdu, subsidiária da AVIC, estatal aeroespacial do governo da China.

Aliás, no vídeo do J-36, o avião sem cauda voa por uma região próxima às instalações da Chengdu, na província de Sichuan, onde o governo chinês constrói aeronaves militares e comerciais.

Desse modo, muitos internautas sugeriram que quem filmou o avião teria vínculos com a Chengdu e, consequentemente, com o governo.

O vídeo não mostra a data, mas a publicação, na última segunda-feira (7), reacendeu o interesse sobre as capacidades da próxima geração de aeronaves militares da China.

Veja:

Avião sem cauda é a China copiando os EUA mais uma vez?

Em dezembro de 2024, vazaram as primeiras imagens do avião da China que voa sem cauda e de mais uma aeronave stealth. À época, especialistas em defesa e aeronáutica afirmaram que o design do J-36 era similar aos caças B-2 e B-21 dos EUA.

Além disso, os analistas também acreditaram que o J-36 seria um avião para operações de longo alcance, capaz de armazenar bastante armamento. Após o voo de 26 de dezembro, Frank Kendall, secretário da Força Aérea dos EUA, comentou que os EUA já esperavam o teste experimental dos aviões chineses, que ocorreram no dia do aniversário de Mao Zedong.

No entanto, a força aérea dos EUA, que já havia colocado uma pausa no programa Dominância Aérea da Próxima Geração (NGAD), reconheceu que a China pode lançar caças de sexta geração antes dos EUA, embora inferiores.

O novo avião chinês é o sucessor de outra aeronave polêmica da China, fabricada pela mesma empresa: a J-20. Quando lançado em 2018, o mundo inteiro notou semelhanças gritantes com aviões dos EUA, sobretudo o F-22 Raptor, da Lockheed Martin.

Os primeiros testes do J-20 ocorreram em janeiro de 2011, mas a China apresentou o avião apenas em 2016.

De Snowden ao tarifaço de Trump: J-36 é mais um capítulo da guerra comercial

Em 2009, o Wall Street Journal revelou que a China, através de táticas de espionagem, roubou o conceito de um avião dos EUA.

Os vazamentos de Edward Snowden, publicados pelo veículo alemão Der Spiegel, em 2015, detalham que hackers do exército chinês obtiveram dados confidenciais sobre o caça F-35 Lightning II, da Lockheed Martin, considerado um dos melhores em stealth da quinta geração.

A invasão ocorreu em 2007. Em 2008, curiosamente, a Força Aérea da China autorizou a fabricação do J-20. O vazamento de Snowden revelou que os EUA conseguiram localizar a fonte de invasão e “transformar o malware”, destacando o nível de vigilância da Agência Nacional de Segurança dos EUA.

Após a invasão, os EUA anunciaram que reforçaram seus sistemas para travar a guerra cibernética com a China.

A declaração foi dada em 2009, ao Wall Street Journal. Ao mesmo tempo, os EUA investiram pesado no programa PRISM, de vigilância mundial, que obrigava empresas de tecnologia a fornecer dados ao governo.

Imagem: X/Reprodução

Portanto, quando a China apresentou o caça de sexta geração, os EUA já sabiam da fabricação. Em julho de 2022, os EUA afirmaram que a China também trabalhava para fabricar novas aeronaves de combate de modelo similar à iniciativa NGAD.

Curiosamente, em junho do mesmo ano, o FBI e a CIA revelaram que hackers chineses realizaram ataques em diversos setores, incluindo o militar, através de uma falha do Microsoft Office 365.

A Segunda Guerra Fria parecia chegar ao seu momento mais crítico. Na primeira metade da década, ambos os países roubaram informações confidenciais estratégicas.

Tarifaço e Boeing

Quando a China revelou os aviões em dezembro de 2024, os EUA não manifestaram surpresa, mas decidiram manter a pausa no projeto para avaliar as tecnologias.

O motivo foi justamente o fato do avião da China voar sem cauda e ter motor trijato. Os EUA já haviam apresentado dois projetos de aviões que voam sem cauda, em 2023, quando a China foi acusada de hackear emails do governo dos EUA. Novamente, a falha foi da Microsoft.

A tensão entre China e EUA não melhorou. Aliás, piorou. O tarifaço de Trump tornou a situação mais crítica.

No início de março, Trump começou a aumentar tarifas. No dia 17 do mesmo mês, a China publicou novas imagens do avião que voa sem cauda. Veja:

Quatro dias depois, Trump decidiu que o F-47, da Boeing, seria o rival do avião da China, também voando sem cauda. A decisão foi para ganhar vantagem sobre a China, já que o antecessor do novo avião se inspirava em um caça da Lockheed Martin, mas é importante lembrar que a Boeing fez generosas doações ao fundo inaugural do presidente.

Veja:

Os EUA precisam de uma vantagem contra a China, pois comparam os avanços da aviação militar da China à Luftwaffe, a cruel força aérea alemã da Segunda Guerra.

A declaração dos EUA, que sempre se posiciona como mocinho, faz sentido no contexto de 2025. A Alemanha se tornou uma potência militar nos anos 1940 por sanções da Primeira Guerra.

O Tarifaço de Trump, similarmente, exige que a China demonstre sua capacidade militar e avanços tecnológicos, sobretudo no cenário global. Mas quem se deu bem nesta história foi a Boeing, que garantiu um contrato de US$ 20 bilhões após o fracasso da Starliner.

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Pablo Nogueira

Pablo Nogueira

Jornalista e mineiro. Já escreveu sobre tecnologia, games e ciência no site Hardware.com.br e outros sites especializados, mas gosta mesmo de falar sobre os Beatles.

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