Os abusos trabalhistas da Amazon por trás do Prime Day nos EUA

Como os dois dias de ofertas matadoras do Prime Day escondem uma política perversa contra os funcionários da maior varejista do mundo.
Imagem: Kena Betancur (Getty Images)
Imagem: Kena Betancur (Getty Images)

O Prime Day, período de 48 horas com dezenas de ofertas em milhares de produtos, já está entrenós. E entre a venda de consoles, itens de beleza, cuidado com a saúde e eletrônicos, a Amazon vai mantendo sua fama de maior varejista online do mundo. Mas é como dizem: conheça seu comprador. Por isso, você conhece o suficiente da Amazon para fechar negócios com ela?

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Pensando nesse sentido, resolvemos compilar um guia destacando as práticas de negócio da empresa e como ela lida com seus funcionários. Além disso, o Gizmodo US aponta uma cartilha contendo a petição de 35 organizações de justiça social, exigindo que órgãos de fiscalização nos Estados Unidos investiguem os abusos da companhia.

A redatora Victoria Song também já havia apontado que as ofertas do Prime Day são, na verdade, uma oportunidade para a Amazon conquistar mais assinantes Prime, uma vez que os preços até então inflacionados para alguns produtos caem drasticamente. Em outros casos, muitos vendedores aumentam os valores dias antes do Prime Day e voltam para os preços originais, para passar a falsa sensação de que eles estão mais baratos — quase como uma “Black Fraude”, em alusão à Black Friday.

Trabalhadores da Amazon contraem Covid-19

Imagem: Spencer Platt (Getty Images)

Como fonte nacional de itens essenciais em uma pandemia, era natural que mais pessoas usassem os serviços online da Amazon para adquirir novos produtos, ainda mais aquelas que passam 100% do tempo em casa. Só que, nos EUA, muitos funcionários acusam a companhia de não seguir diretrizes de segurança, com alguns deles contraindo Covid-19. Isso melhorou depois que os trabalhadores protestaram.

Aqui vai uma linha do tempo com links (em inglês) do que aconteceu:

Amazon contra sindicatos de trabalhadores

Imagem: Patrick T. Fallon (Getty Images)

Este ano, trabalhadores de depósitos da Amazon se mobilizaram com uma campanha sindical contra a empresa, em um depósito na pequena cidade de Bessemer, Alabama. Depois que o Sindicato do Varejo, Atacado e Loja de Departamento (RWDSU) relatou que a maioria dos trabalhadores assinou cartões de autorização do sindicato, a Amazon espalhou slogans anti-sindicais e sujeitou os trabalhadores a longas sessões de audiência cativa, tentando convencê-los de que um sindicato iria fazer com que percam dinheiro.

Depois que os trabalhadores votaram contra a sindicalização, o presidente da RWDSU, Stuart Appelbaum, afirmou que a Amazon havia ameaçado fechar o armazém. Alguns especialistas trabalhistas disseram ao Gizmodo que não ficaram surpresos quando a votação falhou.

Segue a cronologia dos fatos:

Amazon nega garrafas de xixi, é multada por roubar gorjetas, aumenta horas e expande aparato de vigilância

Um funcionário da Amazon enviou essa imagem ao Gizmodo

Pouco depois das festas de fim de ano, a Amazon aplicou um turno noturno de 10 a 11 horas para os trabalhadores, muitos dos quais alegaram não ter escolha a não ser aceitar o plantão ou perder o emprego. A Amazon disse que fornece turnos alternativos em algumas cidades dos EUA, mas muitos trabalhadores disseram que a distância é muito longa ou que não havia empregos disponíveis.

Foi então que veio um novo absurdo: provas de que motoristas contratados pela Amazon fazem xixi em garrafas porque não conseguem parar para descansarem. Jeff Bezos e a Amazon negaram o caso no Twitter. Contudo, a varejista admitiu que os trabalhadores não têm acesso suficiente a paradas para descanso. Isso entra com consonância com os mais de 24 mil casos de acidentes com feridos nos armazéns da Amazon.

Aqui, a linha do tempo:

Amazon ofusca pequenas empresas

Imagem: Amazon

Além de vender produtos por conta própria, a Amazon oferece a vendedores terceirizados a criação de um marketplace próprio para que eles comercializem os próprios itens. Acontece que até nisso a Amazon teria exercido alguma influência. Para aumentar ainda mais seu império, a companhia também está expandido seus negócios para salões de cabeleireiro e redes de desconto.

A Amazon salva o meio ambiente. Bom, talvez

A Amazon prometeu migrar suas operações totalmente para energia renovável até 2025, e Jeff Bezos diz ter investido US$ 10 bilhões para “salvar a Terra” — o que é menos do que ele ganhou em um único dia durante a pandemia. São promessas grandes e boas, mas defensores e funcionários dizem que as comunidades de baixa renda próximas às rotas da Amazon não estão colhendo os benefícios.

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Vamos à cronologia dos fatos:

Jeff Bezos ganhou mais dinheiro do que nunca

Jeff Bezos recuperou seu lugar como o homem mais rico do mundo. De acordo com um estudo da Oxfam, ele poderia pago um bônus de US$ 150 mil a cada um de seus 876 mil funcionários. É grana para um cacete.

 

Nota de transparência: apesar das críticas aqui feitas aos abusos trabalhistas do Prime Day nos EUA (e que possivelmente se repetem em outros países), o Gizmodo Brasil (e também o Gizmodo US, que fez o texto original) está recomendando boas promoções no Prime Day — com comissão de afiliados. Acreditamos que nosso jornalismo pode tanto agir para informar os consumidores de boas oportunidades, quanto para denunciar abusos que não deveriam ser mais cometidos. E uma coisa não anula a outra.

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