Ciência

Carne vermelha processada aumenta o risco de demência, aponta estudo

Segundo estudo, salsichas, bacon e salames são os principais tipos de carne vermelha processada especificamente ligadas ao risco maior de demência.
Imagem: Peter Secan/Unsplash/Reprodução

Amantes de cachorro-quente, bacon, salame e outros tipos de carne vermelha processada correm mais risco de desenvolverem demência. Pelo menos, é o que aponta um novo estudo.

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Apresentado na AAIC 2024 (Conferência da Associação Internacional Contra o Alzheimer), na quarta-feira (31/7), o estudo é uma pesquisa extensa, que observou 130 mil adultos participantes ao longo de 43 anos, com 11.173 deles desenvolvendo demência.

O resultado mostra que aqueles que consumiram duas porções de carne vermelha processada por semana apresentaram um risco 14% maior de desenvolverem demência, em comparação aos que comiam menos de três porções por mês.

Segundo estudo, salsichas, bacon e salames são os principais tipos de carne vermelha processada especificamente ligadas ao risco maior de demência.

Em contrapartida, a carne vermelha não processada, bovina ou suína, não apresentaram um aumento significativamente no risco de demência. No entanto, participantes que consumiam diariamente a carne vermelha não processada, informaram reduções cognitivas com maior frequência.

É importante ressaltar que a carne vermelha processada entra na categoria dos “alimentos ultraprocessados”, que incluem vários aditivos para manter a conservação.

E o Brasil imita os EUA… mais uma vez 

O estudo observa a população norte-americana, comentando que “as comidas ultraprocessadas são uma parte importante da dieta dos EUA”, correspondendo por cerca de 58% da ingestão calórica tanto em crianças quanto em adultos.

Essas comidas são associadas a vários problemas de saúde, incluindo doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e certos tipos de câncer. Contudo, não são apenas os Estados Unidos que estão em maus lençóis.

Um estudo publicado em 2022 analisou o consumo de ultraprocessados em 10.775 brasileiros, constatando uma grande taxa de redução das funções cognitivas em uma média de 8 anos.

No Brasil, os participantes tinham idades entre 35 e 74 anos, que residiam nas quatro capitais do sudeste, além de Salvador e Porto Alegre.

A demência é a causa primária para invalidez em países ricos. Mas, embora a demência esteja no top 10 das causas por invalidez em países em desenvolvimento, estudo é um dos primeiros a avaliar os riscos cognitivos dos ultraprocessados no Brasil.

Além disso, ultraprocessados correspondem por 30% da ingestão calórica total dos brasileiros.

Similarmente, um estudo no Reino Unido também constatou o risco de demência associado ao consumo de carne vermelha processada. Esses estudos indicam, portanto, uma correlação entre demência e carne vermelha processada.

Por que carne vermelha processada causa demência?

Bacon é uma das carnes vermelhas processadas especificamente ligadas ao risco de demência

Imagem: David Trinks/Unsplash/Reprodução

A principal teoria dos especialistas é que os ultraprocessados podem impactar a saúde vascular, além de danificar células cerebrais. Isso porque doenças crônicas como hipertensão, obesidade e diabetes, que são ligadas ao consumo de ultraprocessados, podem afetar os vasos sanguíneos e, consequentemente, o cérebro.

Além disso, dietas com enorme quantidade de ultraprocessados, geralmente, não possuem comidas com nutrientes essenciais, presentes em opções mais saudáveis — possivelmente resultando em um declínio cognitivo.

O estudo apresentado ontem (31/7) não foi publicado, ainda, em uma revista acadêmica. Portanto, não passou pelo processo de revisão por pares. Contudo, as descobertas preliminares reforçam ainda mais a associação entre demência e o consumo de ultraprocessados.

Pablo Nogueira

Pablo Nogueira

Jornalista e mineiro. Já escreveu sobre tecnologia, games e ciência no site Hardware.com.br e outros sites especializados, mas gosta mesmo de falar sobre os Beatles.

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