Ciência

Dormindo, mas atento: estudo mostra que cães conseguem identificar sons durante sono

Cientistas identificaram que os cães produziram respostas neurais a cada som humano ou de outros cachorros, mesmo em sono profundo
Imagem: Mylene2401/ Pixabay/ Reprodução

Dá pra saber que os cães conseguem distinguir diferentes sons. No dia a dia, eles respondem de maneiras distintas ao latido de outros cachorros, a uma voz mais manhosa que seu dono faz para lhe dar carinho e ao ruído de passos durante a noite.

Agora, um novo estudo publicado na revista Scientific Reports sugere que eles também podem processar e compreender sons durante o sono. 

Entenda o contexto

Em geral, pesquisas anteriores já mostravam que os cães podem correlacionar vocalizações de outros cachorros e de humanos com suas expressões faciais. Mais um aspecto muito importante para sua resposta é o que os pesquisadores chamam de valência – níveis de positividade e negatividade da voz.

Além disso, outros estudos também já haviam identificado que o sono é essencial para consolidação da memória desses animais, assim como acontece com os humanos.

Na nova pesquisa, os cientistas buscaram compreender se os cães teriam respostas diferentes a estímulos de valências variadas, vindos de humanos e de outros cachorros. Contudo, eles queriam entender como isso acontecia enquanto os animais dormiam.

Como foi feita a pesquisa

Para isso, os autores do estudo mediram as respostas neurais de 13 cães com eletrodos. Quando os bichinhos dormiam, os cientistas reproduziam gravações de sons de humanos e cachorros. 

Entre os barulhos feito por pessoas, haviam áudios de risos, tosses, bocejos e suspiros. Já dos outros cães, a lista de sons incluía rosnados, grunhidos, choramingos e latidos.

Cada gravação já havia sido analisada e classificada como tendo valência positiva ou neutra. De modo geral, os pesquisadores evitaram incluir sons negativos, para não assustar os animais.

O que dizem os resultados

Por fim, os cientistas perceberam que os cães produziram respostas neurais a cada estímulo durante o sono não-REM, que vai do estágio mais superficial ao mais profundo. 

No entanto, as intensidades de respostas variaram, assim como o tempo para processar o som. Em geral, o retorno ao estímulo auditivo demorava ligeiramente mais a cada vez que o cão adentrava um estágio de sono mais denso.

Dessa forma, os pesquisadores concluíram que os cérebros dos cães são capazes de processar sons de acordo com fatores como a valência, de maneira semelhante à forma como os humanos também fazem isso enquanto dormem.

“Esta descoberta é significativa na medida em que é a primeira evidência de processamento auditivo complexo durante o sono em cães”, afirmam os autores na pesquisa. Agora, eles esperam que os resultados forneçam uma base para estudos futuros nessa área.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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