Intel diz que seus chips de 7 nm estão atrasados em pelo menos seis meses

Na divulgação dos resultados financeiros do segundo trimestre, a Intel revelou que irá atrasar em seis meses a implementação da plataforma de 7nm. Na prática, isso coloca a plataforma em um atraso de um ano.
Gregory Bryant, vice-presidente sênior da Intel, exibindo chip Ice Lake durante um evento de imprensa da Intel na CES 2019.
Crédito: David Becker/Getty

Se você tem acompanhado os problemas da Intel para migrar de seu processo de fabricação de 14 nm para 10 nm ao longo dos últimos anos, provavelmente não ficará surpreso ao saber que a empresa está tendo problemas para iniciar seu processo de 7 nm. Na divulgação dos resultados financeiros do segundo trimestre, a Intel revelou que irá atrasar em seis meses a implementação da plataforma de 7 nm.

Na prática, isso coloca a plataforma em um atraso de um ano, como lembrou o pessoal do Tom’s Hardware. A notícia significa que a Intel não consegue produzir chips de 7 nm de uma maneira economicamente viável nesta momento.

A Intel esperava alcançar os chips de 7 nm da AMD em 2021, mas não disse em qual momento específico do ano. Com os novos atrasos, a estreia do chip de 7 nm fica para 2022, na melhor das hipóteses.

Até lá, a AMD pode lançar chips Ryzen 6000 de 5 nm na arquitetura Zen 4, de acordo com seu roadmap – embora isso pressuponha que a AMD não se depare com nenhum atraso.

No entanto, há algumas boas notícias na seara da plataforma de 10 nm. No comunicado de imprensa dos resultados financeiros, a Intel diz que está “acelerando sua transição para produtos de 10 nm este ano” e aumentando seu portfólio de processadores Intel Core baseados nesta plataforma. Isso inclui seus chips Tiger Lake e sua primeira CPU de 10 nm voltada para servidores que será baseada no Ice Lake.

Além disso, a Intel disse que “espera entregar uma nova linha de CPUs (codinome Alder Lake), que incluirá sua primeira CPU desktop baseada em 10 nm, e uma nova CPU para servidores baseada em 10 nm (codinome Sapphire Rapids)”.

A Intel anunciou originalmente seus chips de 10 nm em 2015, mas confirmou que estava tendo problemas de rendimento e outras dificuldades em julho daquele ano. A partir daí, seus primeiros chips de 10 nm Cannon Lake estavam programados para estrear no segundo semestre de 2017, mas em abril de 2018 a Intel ainda tinha problemas de rendimento.

Em 2019, a companhia havia aperfeiçoado seu processo de fabricação de 10 nm, começou a ver melhores resultados e disse que os chips estariam “nas prateleiras” até as festas de final de ano de 2019. Mas ainda não temos laptops ou desktops com chips de 10 nm, com exceção dos processadores com Iris Pro Graphics.

A 10ª geração de processadores Intel para laptops e desktops ainda é fabricado no processo de 14 nm. Será que veremos os chips de 10 nm antes de 2020 acabar? Com base no que a Intel disse na conferência para investidores, é possível.

Mas o mais importante é que a Intel não espera que sua plataforma de 10 nm seja tão boa quanto a de 14 nm. O diretor financeiro da Intel, George Davis, admitiu isto em um evento de analistas financeiros da Morgan Stanley em março:

“Esta não vai ser a melhor plataforma que a Intel já teve. Vai ser menos produtiva que a de 14 [nanômetros], menos produtivo que a de 22 [nanômetros] […] O fato é que, como eu disse, não vai ser uma plataforma tão forte quanto as pessoas esperariam a partir dos 14 nm ou o que elas verão em 7 nm.”

Mas a plataforma de 7 nm será poderosa? Muitos dos mesmos problemas que a empresa encontrou com os 10 nm parecem estar se repetindo, e se este for mesmo o caso, poderá demorar até 2025 para que vejamos chips de 7 nm da Intel.

Este seria o pior cenário, e não parece ser algo que a Intel queira que aconteça, especialmente dada a competição acirrada com a AMD. A empresa também perdeu alguns funcionários notáveis, como Jim Keller, que era vice-presidente sênior do grupo de engenharia de silício da Intel.

Enquanto isso, espera-se que os chips de 10 nm da Intel sejam bons o suficiente para superar seus principais processadores de 10ª geração, mesmo que por uma margem pequena.

A Intel não tem muito espaço para avançar nos núcleos mais potentes da atual plataforma de 14 nm, infelizmente. O Core i9-10900K tem apenas 300 MHz a mais de clock com o max boost em relação ao Core i9-9900K (5.3 GHz versus 5.0 GHz), graças às tecnologias de ganho de velocidade térmicas e turbo boost – mas esses ganhos só funcionam quando a CPU está em uma temperatura suficientemente baixa, e eu não consegui que o Core i9-10900K chegasse a 5,3 GHz em meus testes.

Do outro lado, a AMD tem muito espaço de manobra em seu processo de 7 nm para continuar atingindo clocks maiores, seja mantendo ou não a quantidade de núcleos ou não.

A AMD pode não ter avançado muito com o lançamento da segunda versão dos seus Ryzen de 3ª geração, mas deve lançar em breve os processadores Ryzen 4000 para desktops e o Zen 3 está no caminho certo para ser lançado no final deste ano, conforme revelou Rick Bergman, vice-presidente executivo de computação e gráficos da AMD, em um blog post.

Além de tudo isso tem a Apple, que irá lançar Macs com processadores próprios baseados em ARM. A empresa está se preparando para ficar livre da Intel – e talvez esses tropeços da fabricante de processadores tenha a ver com isso.

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