Novo laptop gamer da Dell com tecnologia SmartShift da AMD pode dar uma ideia do poder do PS5
Quatro meses depois de AMD ter anunciado o SmartShift, finalmente poderemos dar uma olhadinha na nova tecnologia que estará em muitos laptops gamers daqui para frente — assim como no PS5, que deve chegar às lojas ainda este ano. Nesta quinta-feira (21), a Dell lançou o G5 15 SE, um laptop equipado com a nova CPU da série Ryzen 4000, a GPU Radeon RX 5600M, e, para os nerds do PS5, SmartShift.
Primeiro, vamos falar sobre o próprio G5. Concebido para ser um laptop gamer abaixo de US$ 1.000, não vai fazer frente às últimas GPUs da Nvidia ou às mais recentes CPUs da Intel. Em vez disso, o objetivo é reduzir o preço e, ao mesmo tempo, proporcionar um aumento razoável de velocidade em relação à geração anterior de produtos Intel e Nvidia
Existem três opções de CPU:
- Ryzen 5 4600H, com 6 núcleos e 12 threads e velocidade de até de 4GHz;
- Ryzen 7 4800H, com 8 núcleos, 16 threads e até 4,2GHz;
- Ryzen 9 4900H com 8 núcleos, 16 threads e até 4.4GHz.
A AMD afirma que o Ryzen 9 4900H é quase 69% mais rápido que o Intel Core i7 9750H no Cinebench R20, 57% mais rápido no benchmark 7zip da AMD e 30% mais rápido no Fire Strike. Com uma grande velocidade como essa, poderia ser também um pouco mais rápido do que o i9-10980HK anunciado em abril. Porém, não saberemos até testarmos os dois em laptops semelhantes.
Quanto à GPU, o laptop está equipado com a Radeon RX 5600M, que é aproximadamente equivalente à RTX 2060 da Nvidia. Para a sorte da AMD, a Nvidia ainda não lançou uma versão da 2060 Super, sua mais recente GPU, para laptops. O 5600M também se baseia na primeira geração da arquitetura RDNA da AMD e carece de recursos mais modernos, como o ray tracing.
A AMD também reconhece que a GPU gasta mais energia em comparação com a da Nvidia. “Sendo honesto, o que temos no mercado agora não é o mais eficiente em desempenho por watt”, disse Frank Azor, arquiteto-chefe de soluções de jogos da AMD, por telefone. Mas é pelo menos mais rápido que o RTX 2060 nos benchmarks que a AMD compartilhou até agora.
Imagem: AMD
Então, como uma GPU antiga está se saindo tão bem? Supostamente por causa do SmartShift.
Tradicionalmente, a GPU e a CPU são dois componentes completamente separados que dependem da BIOS e do sistema operacional de um computador para se comunicarem. Quando você recebe um laptop com Intel e Nvidia, os dois processadores estarão separados. Se você abrir a carcaça e der uma olhada, verá as duas partes separadas fisicamente na placa-mãe. Às vezes, no entanto, os dois processadores podem estar no mesmo chip ou matriz. As GPUs integradas da Intel funcionam assim. O mesmo vale para seu i7-8809G, que combina uma CPU da Intel com uma GPU da AMD.
O SmartShift é um pouco diferente. A CPU e a GPU são tecnicamente separadas, mas ficam emparelhadas e compartilham os mesmos dissipadores de calor. A AMD fornece diretrizes para os fabricantes de laptops integrarem a tecnologia. “Há poucas coisas que você precisa fazer aqui e ali para fazer uma arquitetura adequada”, disse Azor, da AMD. A ideia era ter ganchos na CPU e na GPU para que um fabricante de laptop pudesse emparelhar os dois “para que eles pudessem se comunicar de maneira muito semelhante à de um processador gráfico integrado”.
Azor observou que outras empresas poderiam fazer algo semelhante, e o fazem por meio de ajustes de software na BIOS e nos drivers do sistema operacional ou diretamente nas placas. No entanto, isso “exige uma quantidade enorme de colaboração por um longo período para que duas empresas separadas possam fazer isso”, disse ele.
Todo o vaivém de comunicação entre a CPU e a GPU pode elevar o consumo de energia e a demanda térmica — principalmente porque a comunicação precisa percorrer o silício, a BIOS, o sistema operacional e quaisquer aplicativos e drivers adicionais.
“A maneira como o SmartShift funciona é tudo o que acontece em tempo real, dentro de 2 milissegundos, constantemente entre o silício”, disse Azor. “O sistema operacional não sabe ou se importa com o que está acontecendo, e não há lista de permissões. Não há especificidades para aplicativos. Ele simplesmente entende que tipo de tarefa está sendo processada a qualquer momento.”
O resultado disso é que a CPU e a GPU podem ser muito mais eficientes. E, por serem mais eficientes, gerarão menos calor, o que significa que podem operar com mais potência por mais tempo do que em uma combinação diferente. Embora Azor não tenha dito quais são os ganhos nos próximos produtos (incluindo o PS5), ele observou que, no Dell G5, o SmartShift resultou em um aumento de até 14% no desempenho.
Assim, fica difícil dizer que o PS5 é apenas um PC com o sistema operacional PlayStation, apesar das especificações similares às de um computador. O PS5 está usando as futuras CPUs e GPUs da AMD, mas, ao mesmo tempo, se baseia na mesma arquitetura encontrada em seus produtos para PC.
Teoricamente, você poderia montar algo tão poderoso quanto o PS5 se tivesse tempo e dinheiro para isso. No entanto, o SmartShift é exclusivo para laptops e dispositivos como o PS5. Portanto, esse aumento de desempenho de 14% não será encontrado em nenhum PC montado com as peças da AMD.
Isso também significa que qualquer discussão sobre desempenho, em comparação com os PCs gamers tradicionais, será muito mais complicada.
O G5 foi lançado nesta quinta (21), portanto, só saberemos o quão eficiente é o SmartShift ou que benefício potencial ele poderia oferecer para a próxima geração de consoles depois de fazer testes. O que sabemos é que o SmartShift faz parte do plano de longo prazo da AMD. Azor enfatizou várias vezes para mim que o desempenho seria o foco principal da AMD nos próximos anos e que o SmartShift seria uma grande parte dessa estratégia.
“Ainda não anunciamos nenhum dos outros produtos. E você não verá muitos deles em 2020 ”, disse o executivo. “Muitos deles virão no ano que vem. Mas você pode esperar todas as formas, todos os tamanhos, todas as cores, todos os sabores, todos os níveis de desempenho, todos os preços.”
O desafio será conseguir que mais empresas do que Dell e Sony (e presumivelmente Microsoft em seu Xbox One Series X) adotem o SmartShift. Mas, se a AMD e a Azor entregarem o que prometem, duvido que outras fabricantes não entrem neste bonde.